A parcela demonstrativa do feijão branco IPR Garça, variedade desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) que está em fase final de testes para lançamento comercial, despertou grande interesse nos produtores que visitaram o Show Rural, evento da Coopavel que encerrou esta sexta-feira (17) em Cascavel.
O Iapar começou o trabalho de melhoramento genético de feijão branco há dez anos, com o objetivo de oferecer aos produtores uma opção de cultivo para atendimento a um nicho de mercado pouco explorado. O feijão branco é utilizado em saladas, sopas e certos pratos tradicionais (como a dobradinha), e obtém cotação melhor no mercado. ?Esse tipo de grão chega a alcançar R$ 5, contra R$ 2, R$ 2,50 dos grãos preto e carioca?, explica o pesquisador Marco Antonio Lollato, responsável pela produção de sementes básicas da nova cultivar.
No Brasil são consumidas, em média, 25 mil toneladas anuais de feijão branco. ?Praticamente tudo vem da Argentina?, afirma o pesquisador.
Lollato conta que até agora os agricultores que tentaram entrar nesse mercado não obtiveram sucesso. A explicação: ?Eles importam sementes do país vizinho, que não se adaptam às nossas condições de solo e clima?, aponta. Para o pesquisador, o lançamento de IPR Garça ?coloca o país na direção da auto-suficiência no abastecimento interno de feijão branco?.
Características
IPR Garça é precoce e tem ciclo que varia em torno de 75 dias. O porte é ereto e a produtividade pode chegar a 2.500 quilos por hectare, considerada boa para feijão branco (cultivares dos grupos preto e carioca chegam a produzir 3.500 quilos em um hectare).
A maturação dos grãos de IPR Garça é bastante uniforme, característica que Lollato destaca na nova variedade, pois interfere diretamente no preço de venda pelo produtor. Também em função desse aspecto (apresentação dos grãos), a nova cultivar é recomendada para plantio apenas em solos claros, sob pena de se obter um produto manchado e de pouco apelo comercial.
De acordo com Lollato, IPR Garça já foi testada nas condições do Paraná e Rio Grande do Sul, e deve ser inicialmente recomendada para esses estados. As sementes da nova cultivar devem chegar aos produtores a partir de 2007.