Homicidas

O que torna uma pessoa homicida? Excluindo-se a hipótese extrema da legítima defesa, talvez a miséria, o desespero, a injustiça, a vingança. Talvez essas e muitas outras razões, mas há sempre uma, anterior e indispensável: o ódio.

Diz o cristianismo que o mal não é aquilo que entra, mas o que sai do homem. Nesse passo, o ódio, comum a todos os homicidas, é resultado de uma patológica ausência de amor-próprio. Homicidas são intolerantes às diferenças. Matam porque são o que não gostariam de ser ou porque não são o que gostariam de ser. Matam, sobretudo, porque odeiam a si mesmos. São suicidas às avessas, pois ao invés de matarem-se, sacrificam outras vidas no lugar da sua. Enquanto o suicídio verdadeiro é um ato de coragem, o assassinato é o mais baixo de todos. É a covardia suprema porque não se tem a coragem de atingir a quem realmente se pretendia.

Pergunto: há recuperação para um homicida? Sinceramente, não creio. É um caminho sem volta porque não existe a possibilidade do perdão próprio ou alheio. Da mesma forma, não creio na recuperação nem no perdão de toda a humanidade que, por ação ou omissão, sempre foi homicida.

Djalma Filho é advogado

djalmafilho68@uol.com.br

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