Guido Mantega diz que recursos da Arcelor Mittal empurram dólar

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira (31), após a solenidade de encerramento do 24º Congresso Brasileiro da Radiodifusão, que a entrada de recursos da Arcelor Mittal está contribuindo para que a taxa de câmbio esteja flutuando neste momento para baixo. Segundo o ministro, a Arcelor Mittal está trazendo para o Brasil algo entre US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões para fazer uma oferta de aquisição das ações dos minoritários da Arcelor Brasil.

Para o ministro, este é um fator inesperado que está além do normal. Ele também lembrou que a flutuação para baixo do câmbio também tem sido incentivada pelo crescente interesse pelo Brasil e pela proximidade do País em receber o grau de investimento. "Portanto, nós estamos com uma certa pressão vendedora. Mas, como sempre digo, o dólar é flutuante. Agora, está flutuando para baixo, mas pode flutuar para cima", comentou.

Mantega refutou a afirmação de que o câmbio no Brasil só se move para baixo. "Não flutua só para baixo. Pode me cobrar isso futuramente", disse.

O ministro também comentou que, ao atingir o grau de investimento, o Brasil poderá passar a receber recursos de fundos de pensão internacionais, que só operam com países considerados "grau de investimento". "Então, aí, nós vamos pensar como é que vai ser, como nós vamos fazer", afirmou. Ao ser indagado se já está pensando no assunto, ele respondeu: "É claro que já estou pensando.

Questionado se o Brasil poderia seguir o exemplo da Rússia e da Colômbia, que adotaram restrições ao ingresso de capitais estrangeiros, o ministro disse que o País não pode seguir estes exemplos porque os países são diferentes e possuem mecanismos diferentes. "A Rússia cobra uma tributação sobre o petróleo e, portanto, cria um fundo com esta tributação. É um fundo de recursos tributários. Então, a Rússia pode deixar lá fora porque o dinheiro é do governo", disse Mantega.

Ele ressaltou que, no caso do Brasil, esta hipótese não seria exeqüível. "Nós não podemos deixar lá fora um dinheiro dos exportadores porque é privado, não é dinheiro público", afirmou.

No caso da Colômbia, ele argumentou que as medidas adotadas pelo país para conter a valorização de sua moeda não surtiram o efeito esperado. Ele destacou ainda que o mercado financeiro colombiano é muito diferente do brasileiro. "Eles, praticamente, não têm um mercado futuro de derivativos, que é um mercado onde, no Brasil, se opera muito", disse.

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