O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta terça-feira (26) que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pode não conseguir desvendar a origem do dinheiro para compra do dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, que passou pelos bancos Bradesco, BankBoston e Safra. Segundo ele, o Coaf está "empenhado e trabalhando e, assim que tiver a resposta, se tiver, porque há coisas que não se consegue apurar, ela será transmitida para os órgãos competentes". Hoje o Coaf pediu aos três bancos que façam novas avaliações nos seus registros, em busca de operações suspeitas de pessoas envolvidas na montagem do chamado "Dossiê Vedoin".
Mantega disse que existem várias hipóteses que explicariam a dificuldade de se identificar a origem dos recursos. De acordo com o ministro, uma das possibilidades seria que o saque do dinheiro tenha sido feito de contas legítimas e corretas. "Se esse for o caso, não podemos exigir que esses órgãos tenham a resposta imediata, de última hora, inclusive poderiam cometer erros", afirmou. Outra hipótese, de acordo com o ministro, é que essas operações tenham sido feitas abaixo de R$ 100 mil, e assim elas não são registradas e fiscalizadas pelo. Em nota, o Coaf esclareceu ontem que tem milhares de operações acima de R$ 100 mil, que são as identificáveis.
Segundo a Fazenda, a solicitação do Coaf não é uma determinação aos bancos para que eles voltem a analisar seus registros, porque o Conselho não teria esse poder, e sim de um pedido de colaboração que normalmente é atendido pelas instituições financeiras, que também teriam como padrão fazer esse tipo de reavaliação.
Por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues, explicou que esse é um procedimento padrão do órgão – que também já realizou pesquisa em seu banco de dados – em situações como essa. Ontem o Coaf divulgou nota informando que não encontrou no seu banco de dados registros de comunicação de operações suspeitas envolvendo participantes ou pessoas com qualquer outro tipo de associação ao episódio do dossiê.