Governo sob pressão

Para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cada vez mais próximo do prazo estipulado pela legislação eleitoral para o anúncio oficial da candidatura à reeleição e da aliança partidária para a campanha, não poderia haver contexto mais espinhoso. O governo se depara com um leque de questões delicadas e desgastantes, a começar pelo contencioso gerado pelo decreto de nacionalização dos ativos da Petrobras, na Bolívia, e a conseqüente insegurança que passou a rondar os demais empresários e agricultores brasileiros com atuação no país vizinho.

Além da denúncia coletiva dos quarenta envolvidos no escândalo do mensalão, a organização criminosa para lesar as finanças públicas que o procurador-geral Antônio Fernando de Souza fez chegar às barras do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo não deixará de ser atingido em cheio pelo recente descalabro descoberto no seio do Congresso Nacional, onde a Polícia Federal identificou uma quadrilha integrada por empresários, políticos e assessores parlamentares, agindo no desvio fraudulento de R$ 120 milhões, provenientes de emendas orçamentárias.

A fase atribulada do governo alcança amplitude que requer não apenas o tato diplomático para o enfrentamento da questão boliviana, o primeiro confronto internacional, a cada dia com uma faceta inesperada advinda de declarações confusas e, até certo ponto, estapafúrdias dos nossos vizinhos, tais como a ilegalidade dos contratos de operação da Petrobras e, em circunstâncias que tornam indispensável a exigência de explicações, sob pena de gravíssima lesão das relações de respeito e amizade entre ambos os países, que a citada empresa chegou a praticar o contrabando.

Mas, o inferno astral do presidente Lula está igualmente tenebroso no plano interno, avivado que foi pela entrevista do ex-secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, Silvio Pereira, seguida de novo depoimento na CPI dos Bingos. Pereira isentou Lula de quaisquer relacionamentos escusos com os operadores do mensalão, ou seja, jamais ouviu uma frase sobre os planos terríveis que se tramavam a poucos passos de seu gabinete no Palácio do Planalto. Ressalvado o esforço de poupar o presidente, não será possível, no entanto, diminuir o profundo abatimento moral de quem sempre manifestou inteira confiança nos auxiliares diretos.

De repente surge a última volta desse drama na carta escrita pelo senador Eduardo Suplicy (SP) ao companheiro Lula, sugerindo sua ida ao Congresso Nacional para um debate franco sobre a atual conjuntura política. O ministro Tarso Genro, das Relações Institucionais, de bate-pronto, comentou que o senador busca uma oportunidade para a autopromoção, expressando o perigoso nível atingido pelos desencontros e a ligeireza com que as questões internas do partido estão sendo tratadas. Ao contrário, o senador assegurou que o presidente está cabalmente preparadons Institucionais, de bate-pronto disse que o senador busca a autopromoçecretupremo para um debate dessa natureza e certamente sairia engrandecido do mesmo, bem como teria a oportunidade de referendar a tranqüilidade que a nação requer.

Não temos dúvida quanto à necessidade de devolver à sociedade a forte convicção de confiança no funcionamento das instituições, a valorização do trabalho honesto e a crença nos princípios do republicanismo. Tarefas que o governo, infelizmente, não dá mostras concretas de executar.

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