Governo obtém vitória apertada e impede prorrogação da CPI dos Correios

Numa disputa acirrada com a oposição que se prolongou até meia-noite, o governo conseguiu uma vitória apertada ao impedir ontem a prorrogação dos trabalhos da CPI Mista dos Correios por mais cinco meses. A operação para inviabilizar a proposta da oposição de estender as investigações até 11 de abril e fazer a CPI entrar pelo ano eleitoral foi comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a ajuda de ministros políticos e líderes dos partidos aliados. O requerimento de prorrogação, apesar de lido na sessão conjunta do Congresso, perdeu validade depois que parlamentares cederam às pressões do governo e retiraram seu apoio.

No início da noite, depois de conferidos todos os nomes, o pedido contava com 214 nomes. Mas, o governo conseguiu retirar 64 nomes, e a oposição apresentou outras 20 adesões. Ao final, o requerimento ficou com 170 assinaturas, uma a menos do número regimental, de 171. Sem maioria no Senado, o governo jogou toda a sua influência na Câmara. Como é uma CPI mista, o pedido de prorrogação precisava do apoio das duas Casas. Sem o número regimental para prosseguir até 11 de abril, terá agora que ser encerrada em 11 de dezembro.

Hoje, a Secretaria Geral da Câmara vai conferir novamente o total de nomes retirados e apresentados. Os governistas devem apresentar outro requerimento pedindo que os trabalhos sejam prorrogados até 31 de dezembro deste ano, numa tentativa de dar a impressão de que o governo deseja prosseguir por mais 20 dias as investigações. Na reta final, antes de 23 horas, dez dos 11 deputados do PTB que assinaram o requerimento já haviam recuado, mesma posição seguida por 23 peemedebistas. Em seguida, novas desistências: 13 deputados do PP, 4 do PSB, 4 do PL e 2 do PRM, todos da base aliada.

Às 23h59, faltando um minuto para o encerramento do prazo, o líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP), entregou à Mesa do Congresso 21 assinaturas, mas só 20 foram contabilizadas, pois o nome do deputado João Campos (PSDB-GO) estava repetido. O governo conseguiu o apoio também de dois deputados do PFL, da oposição: Joaquim Francisco (PE), que saiu recentemente do PTB, e Lael Varela (MG). Do PMDB, a bancada mineira, que tem dois ministros no governo – Saraiva Felipe (Saúde) e Hélio Costa ( Comunicações) -, atendeu à determinação do presidente Lula, e seis de seus deputados retiraram o apoio ao requerimento de prorrogação. O PMDB do Paraná, terra do ex-líder peemedebista José Borba, que renunciou ao mandato por causa das denúncias de envolvimento no chamado escândalo do "mensalão", também colaborou. Na reta final, três peemedebistas paranaenses retiraram seus nomes da lista de apoio à prorrogação da CPI dos Correios.

No comando da operação de retirada de nomes, o presidente Lula só saiu do Palácio do Planalto para a residência oficial da Granja Torto quando era quase meia-noite.

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