O secretário Especial para Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, e integrantes da Funai visitaram nesta quarta-feira a reserva indígena de Cambuí, localizada numa reserva biológica pertencente à prefeitura de Curitiba. No ano passado, a administração municipal pediu a reintegração de posse das terras e os índios ficaram sem ter para aonde ir.
"Vamos fazer um contato com a prefeitura para tentar regularizar a situação. Esta comunidade está aqui há algum tempo e não há nenhum processo de depredação ou agressão do meio ambiente. Pelo contrário, eles estão cuidando de um local que foi abandonado há muito tempo", declarou o secretário.
Na reserva indígena moram 17 famílias que vivem do artesanato. Elas vieram de várias regiões do Paraná e são de etnias como os Kaigang, Xetá e Guarani. "Queremos que o nosso povo permaneça na área porque, depois de passar por muitas favelas em Curitiba, hoje conseguimos nos reunir e montar uma tribo", contou Antonio Claudino Moraes, índio representante do cacique.
Segundo ele, no local funcionava há cerca de 15 anos um museu com o acervo do professor João José Bigarella. "A área foi desativada e abandonada depois de uma enchente. Quando chegamos aqui encontramos fotografias e documentos relacionados aos índios que, provavelmente, faziam parte do museu", afirma Moraes.
O secretário geral da Organização para o Resgate da Cultura Indígena em Curitiba e Região Metropolitana (Orccip ? Curim), Caciporé, contou que existem mais 32 famílias indígenas morando em favelas de Curitiba e Região Metropolitana.
"Pedimos ajuda do secretário Nizan Pereira para que possamos ficar nesta reserva e ter um espaço na área urbana de Curitiba. Se conseguirmos isso, vamos reunir todos estes índios neste espaço, fazer uma área de preservação ambiental e vender artesanato", afirmou Caciporé.
O caso
O administrador regional da Funai em Curitiba, Glênio da Costa Alvarez, explica que realizou uma reunião com a prefeitura de Curitiba e representantes do governo estadual para legalizar a situação das famílias indígenas. "O governo municipal passado ficou de estudar o caso e nos surpreendeu com uma ação de reintegração de posse".
A Funai recorreu da decisão e o processo está atualmente na justiça. "Esperamos que o novo governo municipal tenha a sensibilidade para retomar as negociações para que os índios possam ocupar este espaço", afirmou Alvarez.
A reserva biológica possui 15 alqueires, onde outras famílias também ocuparam o local. O secretário Nizan Pereira informa que os índios pertencem a etnias ideais para ocupar um espaço como a reserva biológica Cambuí. "Vamos tentar regularizar a situação no local. O governo do Estado, Funai e a prefeitura de Curitiba precisam fortalecer a idéia e criar um parque temático nesta área", defende.
Nizan explica ainda que já existe um convênio entre a Funai e o Ministérios das Cidades para a criação do parque. "Estes índios vivem hoje no território curitibano e já estão fixados aqui. Eu acho que esta é a saída não só para o meio ambiente mas, acima de tudo, para a o apoio à cultura indígena", acrescenta o secretário.