Governo estudará redução do IPI para estimular montadoras

Brasília – O governo estudará a possibilidade de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis. A afirmação foi feita hoje (9) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Agência Estado. Segundo ele, a sugestão foi apresentada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mas o governo ainda não tomou decisão sobre o assunto. "Tudo ainda está em aberto, mas a proposta apresentada pela Anfavea será estudada", disse o ministro, que hoje tem reunião com representantes da entidade e dirigentes de montadoras.

A declaração de Mantega dá um sinal mais favorável do governo em relação à possibilidade de mudança no IPI para estimular o setor automotivo. Na segunda-feira, após reunião com os dirigentes da Volkswagen, ele havia afirmado que não estava "preparado para mexer no IPI". Os empresários do setor, no entanto, podem esperar uma oposição dura da Receita Federal à proposta de redução do imposto. Segundo fontes, o órgão ainda não recebeu pedido de Mantega para estudar a proposta da Anfavea. O setor automotivo entrou no centro da agenda do governo após o anúncio da Volks, na semana passada, de demitir 6 mil funcionários de suas fábricas no Brasil.

Segundo a Volks, as demissões são necessárias por que as exportações da empresa se tornaram menos competitivas com a valorização do real em relação ao dólar. Para não tomar medidas que beneficiem somente uma empresa – e com base na análise de que o câmbio é um problema que atinge a todos os exportadores de veículos – o governo iniciou negociações com todo o setor automotivo. O objetivo é discutir soluções que aliviem o impacto do câmbio nas exportações e mantenham o ritmo de crescimento que o setor registrou nos últimos dois anos.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda medidas que reduzam o custo do financiamento das empresas afetadas pelo câmbio. Apesar de ter mostrado no fim de semana desconforto com o nível do câmbio, Mantega disse hoje que o governo continuará com a estratégia atual em relação à taxa de câmbio. "Vamos continuar com as medidas que estão sendo utilizadas", disse o ministro. O Banco Central tem comprado dólares no mercado para aumentar as reservas, o que também tem sido feito pelo Tesouro Nacional, embora em menor quantidade, já que as compras, nesse caso, são para cobrir o pagamento de dívida externa.

Tentando demonstrar otimismo, o ministro disse que há uma "tendência natural" de acomodação da taxa de câmbio, motivada pelo aumento das importações, que consomem dólares, e também pela trajetória de queda na taxa de juros, que reduz o apetite dos investidores externos pelos títulos brasileiros, o que enfraquece o fluxo de divisas para o País. "À medida que os juros baixem, as importações crescem e o BC segue atuando no mercado, o câmbio tende a se estabilizar", disse Mantega.

O ministro disse também que o Tesouro não vai intensificar o processo de compra de dólares com o objetivo de valorizar a moeda americana. "Não vai mudar por causa disso. O Tesouro sempre compra quando tem dívidas a pagar", afirmou.

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