Governo deve anunciar medidas para acalmar agricultores

Brasília – Preocupado com a possibilidade de uma nova manifestação de agricultores tumultuar Brasília na terça-feira, e servir de munição aos partidos oposicionistas, o governo corre para tentar divulgar até sexta-feira medidas adicionais de apoio ao agronegócio. Num jantar na noite de terça-feira passada na casa do deputado Dilceu Sperafico (PP-PR) o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, sinalizou a parlamentares da bancada ruralista que medidas podem ser anunciadas pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ainda nesta semana.

A data mais provável para a divulgação é sexta-feira, pois Rodrigues tem um encontro às 10h com lideranças do agronegócio do Mato Grosso, um dos Estados mais prejudicados pela crise. "O governo está preocupado com o movimento. A data de sexta-feira tem a ver com a possibilidade de esvaziamento das manifestações marcadas para terça-feira, mas tenho dúvidas se as medidas poderão amenizar o clima. Acho que o remédio será em dosagem inferior à necessária", disse uma fonte que participou do jantar

No encontro, Genro não falou de forma clara sobre as medidas que podem sair na sexta-feira. Também não ficou claro se haverá um pacote de medidas ou apenas uma "medida de impacto". Um dos participantes do jantar ironizou: "O medo é que essa medida tenha um impacto tão forte que acabe com o setor. Do jeito que estamos combalidos imagina se poderemos agüentar uma medida de impacto". O encontro, segundo ruralistas, teria sido pedido pelo ministro.

Outra fonte esperava mais do jantar com Genro. "O clima foi esse: nós já ouvimos isso. O governo sempre promete e nunca cumpre", disse um parlamentar. Alguns ruralistas afirmaram que Genro teria dito que uma das possibilidades é que o governo anuncie medidas para garantir os preços mínimos estabelecidos pelo governo. "Também pode haver alguma renegociação de dívida e também medidas para compensar a valorização do real frente ao dólar", completou.

Hoje (10), o vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, defendeu o governo e disse que, "sem as medidas de apoio ao setor anunciadas no mês passado, a inadimplência seria muito maior". "Não queremos que digam que nós não estamos colocando em prática as ações já determinadas pelo governo federal", disse Conceição. "Tudo o que estamos falando aqui está nos balcões das nossas agências", completou. Uma das queixas dos produtores é que as decisões tomadas em Brasília demoraram a chegar no campo.

Mobilizados nos Estados desde o dia 21 de abril para chamar a atenção do governo para a crise que atingiu o setor – o prejuízo nos últimos dois anos é estimado em R$ 30 bilhões – os produtores chegarão a Brasília na terça-feira mas, ao contrário do "tratoraço" do ano passado, eles não devem trazer máquinas para a Esplanada dos Ministérios. A movimentação promete ser política. Os protestos nos Estados não serão abandonados e os produtores pretendem continuar a bloquear estradas.

De acordo com deputados, a CNA e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) devem protocolar no Palácio do Planalto um documento responsabilizando o governo federal por qualquer incidente que venha a acontecer durante as manifestações nos Estados e em Brasília. As duas representações negam que estejam por trás das manifestações.

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