O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), afirmou hoje (28) que o ministro das
Comunicações, Eunício Oliveira, deverá ser chamado à Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) dos Correios quando esta iniciar seus trabalhos. "A CPI deve
ouvir o ministro, não como réu, quero deixar isso claro, mas como uma pessoa que
possa dar informações e elementos para a comissão, porque os Correios são
subordinados ao seu ministério" disse Goldman.
Reportagem da revista
"Veja" deste final de semana diz que o líder do governo no Congresso, senador
Fernando Bezerra (PTB-RN), contou que foi informado, por meio de uma carta
anônima, de um suposto esquema de fraude em licitações nos Correios. Bezerra
obteve as informações em nota apócrifa quando tentava emplacar a indicação de
Ezequiel Ferreira de Souza na Diretoria de Tecnologia dos Correios.
No
depoimento à revista, Bezerra conta que a nota afirmava que Ezequiel não tinha
sido nomeado para o cargo porque atrapalharia uma licitação fraudulenta dirigida
por Eduardo Medeiros, que seria ligado ao PT e teria a incumbência de ajudar a
empresa Novadata, do empresário Mauro Dutra, amigo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
De acordo com a revista e com o depoimento de Bezerra,
depois de algumas tentativas para nomear seu afilhado político, o líder do
governo foi alertado pelo ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, ao qual
os Correios estão subordinados, de que deveria procurar a Casa Civil para saber
as verdadeiras razões para o veto a Ezequiel.
Ainda segundo o senador, a
indicação de Ezequiel havia sido acertada com o secretário-geral do PT, Sílvio
Pereira, e com o próprio presidente Lula. Além disso, Bezerra conta que o
ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe disse que a nomeação de Ezequiel era
uma ordem do presidente Lula.
Para Goldman, essas novas informações
reforçam a necessidade de se fazer a CPI dos Correios, aberta na semana passada
mas ainda não instalada. Para ele, é preciso que o Legislativo faça uma
investigação séria nos Correios. "Há um jogo de interesse nos Correios. Esses
episódios mostram que a empresa deixou de ser de interesse do País para ser de
interesse privado. A CPI vai esclarecer isso", afirmou Goldman.
Para o
líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), todos os contratos dos
Correios estão sendo investigados pela Corregedoria Geral da União e por
sindicância interna. "Se houve alguma atitude ilícita, ela será identificada e
os seus responsáveis serão punidos", disse Chinaglia. "Estou tranqüilo quanto às
ações e iniciativas que o governo tem tomado", concluiu.