Geração de empregos

As notícias são favoráveis, as estatísticas também: estariam sendo criados empregos aos milhares no País. Ainda longe das promessas de campanha de praticamente todos os candidatos. Consideremos que as promessas de palanque, de criação de milhões de empregos, não eram mera demagogia, mas equívocos justificáveis de quem nunca governou.

Trata-se de um equívoco, quando não equívoco e também demagogia. Governo não cria empregos, a não ser que o faça criando cargos públicos, fazendo empreguismo. O que cria empregos é uma adequada política econômica que estimule a iniciativa privada a crescer, desenvolver o País e gerar novas fontes de trabalho.

O governo pode e deve ajudar nesse processo de desenvolvimento com uma adequada política fiscal; uma conseqüente e inteligente política de juros; atratividade para o empreendedorismo e para o ingresso de capitais para investimentos diretos. O capital da ciranda financeira pode ser necessário vez ou outra. Mas não cria empregos.

A situação atual é que o capital estrangeiro de risco está minguando. Mesmo o Brasil oferecendo altos juros, elevada remuneração para esse dinheiro, muitos investidores preferem sítios mais seguros; entrou na moda, agora, a dilação fiscal ou isenções tributárias totais ou parciais para empresas, especialmente micros e pequenas, que criem empregos. Prometem essa política tanto o governo federal, como os estaduais e até os municipais. Nenhum resultado visível já foi colhido dessa política.

Outro instrumento para gerar empregos é uma política creditícia que estimule as empresas a tomar dinheiro, aumentar a produção, fazer novos empreendimentos e, assim, gerar novos postos de trabalho. As taxas de juros vêm subindo na base (Selic) e nas operações bancárias. É o oposto do que se reivindica para criar empregos. Entretanto, todos os dias surge a boa nova de que foram criados tantos milhares de empregos aqui ou ali. Até recordes têm sido anunciados. O desempregado não acredita, mas é uma boa propaganda…

O que ocorre é que há a prática de cotejar uma taxa de geração de empregos, de crescimento econômico ou outra medida de desenvolvimento qualquer, atualmente detectada, com números de períodos pretéritos, que eram ruins demais. Evidentemente, em termos percentuais, os números parecem muito satisfatórios. Mas o que sobe de um para dois, subiu 100%. Pode nada significar em termos de crescimento necessário e almejado.

A manipulação de números é um fato neste e nos governos passados.

O Seade e o Dieese, como disseram na semana passada seus dirigentes, Sinésio Pires Ferreira e Clemente Ganz Lúcio, consideram que geração de postos de trabalho, em setembro e mesmo nos últimos meses, ficou abaixo das expectativas do início deste ano, quando se falava em reaquecimento da economia.

Entendem essas instituições que as empresas mudaram seu comportamento e não aumentam o número de empregos só porque há um lufo de crescimento econômico. Usam nova tecnologia… horas extras e outros expedientes, mas não oferecem novos empregos. A avaliação técnica das duas importantes entidades é que, mesmo crescendo nos níveis atuais, a volta dos empregos no número desejável e ansiosamente esperado só vai acontecer daqui a uns cinco anos.

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