General nega resistência para a abertura dos arquivos da ditadura

O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, disse hoje, na primeira entrevista concedida depois dos incidentes que culminaram com a saída do ex-ministro da Defesa José Viegas, que não há resistência da força para a abertura dos arquivos da ditadura. Ele reiterou que não existem documentos guardados nos quartéis referentes à Guerrilha do Araguaia e garantiu que os militares querem que os corpos dos mortos sejam encontrados. "Estejam certos de uma coisa, nós, como qualquer cidadão, como qualquer criatura humana nós desejamos que todos encontrem os restos mortais de seus parentes, isso é humano", assegurou o general Albuquerque, ao destacar que os militares estão colaborando na busca dos desaparecidos e que "há documentos do passado que mostram que realmente que não há mais essa documentação". E acrescentou: "nós colaboramos, sempre colaboramos e desejamos que isso realmente aconteça".

As declarações do general Albuquerque foram dadas após visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às unidades militares onde estão em treinamento desde agosto recrutas do Projeto Cidadão. O general afirmou que "o passado é passado e nós temos de olhar sempre pra frente porque, como eu digo, as expectativas são excelentes, fantásticas".

O comandante do Exército negou que possam existir resistência dos militares à abertura dos arquivos do período da ditadura. "Nunca houve resistência por parte do Exército. Não há resistência. Nós estamos com o governo, o governo nos orienta. E nós atendemos a toda orientação legal, a toda orientação que vier", disse. Ele assegurou que todos podem ficar despreocupados porque o que o governo decidir abrir, será aberto. "Fiquem despreocupados com isso. Não há porque temer, não há porque se preocupar. Vamos pensar em termos de Brasil. Vamos olhar pra frente, nós temos uma história bonita e teremos um futuro melhor ainda", observou.

Indagado se ia determinar o levantamento, em unidades militares, para verificar que tipo de documentos ainda estão guardados nos quartéis para serem entregues à Comissão de Averiguação e Análise de Informações Sigilosas, criada no início de dezembro pelo Planalto, o general declarou: "isso aí qualquer dia desses a gente talvez possa falar. É preciso esclarecer, mostrar para a imprensa, nós estamos trabalhando de acordo com o que estabelece a lei, estamos trabalhando, estamos com a nossa documentação toda ela à disposição, então quando for possível realmente mostrar à imprensa e à sociedade vocês vão ver que não há com que se preocupar e estaremos atendendo todos os anseios, tido o que for necessário", afirmou.

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