Gasto sacripanta

O Estado informou na edição de domingo o gasto sacripanta realizado por deputados federais – pago pelo povo – no consumo de gasolina: R$ 41 milhões, que possibilitaram a aquisição de 20,5 milhões de litros de combustível para rodar 2,56 bilhões de quilômetros. A precisão do cálculo é espetacular, porquanto esse verdadeiro oceano energético seria suficiente para completar 64 voltas em torno da Terra, ou seis viagens à Lua.

Não fosse a fraude contábil arranjada por notas fiscais negociadas, prática que a mesa da Câmara finge não perceber, alguns deputados passariam tanto tempo ausentes das sessões que teriam de ser obrigatoriamente cassados por absenteísmo.

O monstruoso volume de gasolina consumido pelos deputados durante o ano passado resultou da soma das notas fiscais apresentadas pelos parlamentares para justificar as despesas, embora a própria Câmara reconheça a incapacidade de checar a veracidade das mesmas.

Ou seja, o deputado recebe adicional mensal de R$ 15 mil para todo tipo de gasto no exercício do mandato. O mais fácil, segundo eles, é comprovar as despesas com notas de postos de gasolina. E estamos conversados.

Ora, o escárnio é supor que um deputado tenha realizado, em poucas semanas, analisada a declaração de seu consumo de combustível, o equivalente a 26 viagens de ida e volta entre Manaus e Porto Alegre.

Somente a insanidade que aparentemente se disseminou por toda a estrutura da administração pública nacional poderia admitir, como válida, uma miragem desse jaez. Mais uma vez, o País queda-se enojado ante a irresponsabilidade voluptuosa com que o dinheiro público é tratado por alguns de seus representantes no parlamento.

Voltar ao topo