Gasto ineficiente

O governo fez a previsão de investir durante o ano de 2005 cerca de R$ 15,8 bilhões nas áreas de transporte, saúde, desenvolvimento agrário, integração nacional, cidades, educação, ciência e tecnologia e outros. Desse total, só conseguiu gastar R$ 4,9 bilhões, ou 31,4%.

A área de governo que mais se aproximou da meta foi o desenvolvimento agrário, com investimentos previstos de R$ 1,171 bilhão, dos quais foram aplicados R$ 1,115 bilhão, chegando ao percentual de 63,7%.

Todos os demais setores ficaram bem abaixo de 50% do que poderiam ter investido para a melhoria das condições operacionais e avanços programados pelo governo, cabendo o resultado mais decepcionante ao Ministério da Saúde que, até novembro do ano passado, dos R$ 2,628 bilhões previstos investiu apenas R$ 208 milhões, ou 7,9%.

Também o Ministério das Cidades, uma das muitas ficções introduzidas no governo Luiz Inácio, mostrou um reles desempenho, pois conseguiu a proeza de investir somente 14,3% (R$ 125 milhões), do total previsto de R$ 871 milhões.

Numa repetição cansativa da mesma história, antes do final do ano, as equipes técnicas dos ministérios se esfalfam para gastar o dinheiro do Orçamento liberado pelo Tesouro, mas essa é uma ilusão da administração pública represada pela absoluta falta de tempo hábil.

Coisa bastante difícil de compreender num País tão carente de soluções definitivas para problemas crônicos de natureza múltipla.

Antes da virada do ano, o Tesouro liberou cerca de R$ 8 bilhões, mas certamente o governo só acordou ao perceber a acentuada queda de popularidade do presidente da República e, enfim, a chegada do ano eleitoral. Está gastando agora dentro da rubrica restos a pagar.

Nessa disputa inteira, se houve ganho, ele deve ser creditado ao grupo de ministros inconformados com a meta de superávit primário equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), a ser empregado na maior amortização das parcelas a vencer da dívida pública.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o modelo de Orçamento adotado pelo governo dificulta o cumprimento das metas de investimento, na medida que as verbas começam a ser liberadas somente em abril, sob o crivo implacável da Fazenda. Em 2006, a coisa tende a ficar pior, pois não se espera a aprovação do Orçamento antes de meados do ano.

Os técnicos parecem adestrados para enfrentar a problemática perene e se limitam a tocar os programas dentro da realidade imposta pela bola de cristal que rege o serviço público brasileiro.

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