Garotinho aciona OEA e diz que já perdeu 700 gramas

O ex-governador e pré-candidato à Presidência Anthony Garotinho (PMDB) prosseguiu hoje (1) com a greve de fome iniciada no domingo (30) para se defender das "calúnias da grande mídia". Por um boletim médico, divulgado no fim da manhã desta segunda-feira, ele anunciou que já perdera 700 gramas de peso. E, por meio de assessores, fez saber que havia enviado por fax ao presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Migel Musso Nusulza, uma cópia da carta lida ontem (30), na qual pediu supervisão internacional das eleições.

O protesto – que Garotinho tacha de "sacrifício" – é uma resposta às denúncias de que o governo do Rio de Janeiro teria contratado organizações não-governamentais suspeitas de ligação doadores da sua pré-campanha eleitoral. O principal alvo do ex-governador são as organizações Globo e a Revista Veja, que, para ele, têm o "indisfarçável patrocínio do governo Lula".

Garotinho foi examinado hoje (1) por seu médico particular, Abdu Neme, que divulgou o boletim por volta das 11 horas. Segundo Neme, o ex-governador estava "lúcido, orientado, afebril e hidratado" e apresentava batimento cardíaco regular e pressão sob controle.

Procurado pela reportagem, o escritório brasileiro da OEA em Washington não quis se pronunciar sobre o pedido de supervisão internacional das eleições. Mas o embaixador Rubens Barbosa, que representou o Brasil nos Estados Unidos até 2004, comentou que a probabilidade de a sugestão ser aceita é mínima. "Qualquer acompanhamento de uma eleição tem de ser solicitado pelo próprio governo à OEA ou, no mínimo, ter sua aprovação", frisou.

De acordo com o embaixador, o acompanhamento da campanha solicitado pelo ex-governador do Rio é inadequado. "A OEA somente enviaria observadores para o dia da eleição , não para acompanhar o processo que a antecede", disse. Para Rubens Barbosa, tampouco há hoje "base legal" para que o pedido de Garotinho seja aceito pela entidade internacional, devido ao regime democrático brasileiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (1) que "seria um natimorto" se fosse entrar em greve de fome cada vez que a imprensa o criticasse. "Eu não teria nem nascido. Acho que as pessoas precisam aprender a conviver democraticamente." Lula falou sobre o protesto de Anthony Garotinho depois de assistir à missa em São Bernardo, na região do Grande ABC. "Todos vocês da imprensa sabem o que tem acontecido comigo nesses últimos anos e que eu não tenho reclamado da vida." Ele observou que cada um protesta da forma como quiser. "Eu protesto à minha maneira. Acho que a imprensa cumpre um papel importante na vida política do País, quando fala bem e quando fala mal", anotou. "Todos nós ficamos chateados muitas vezes com a imprensa Eu não conheço ninguém que não reclame da imprensa." Lula declarou que é defensor da liberdade de imprensa.

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