Fitch: novo PIB não eleva chance de grau de investimento

As revisões para cima da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no período de 2000 a 2005, como resultado de uma nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não melhoraram em nada as chances de o País receber um aumento na nota de crédito para o "grau de investimento", disse o diretor-executivo da agência de classificação de risco Fitch para o Brasil, Rafael Guedes, à agência de notícias Dow Jones.

"Os números do PIB estão melhores, mas eles não alteram o ritmo do Brasil para alcançar o status grau de investimento", disse. "Mudanças na metodologia do PIB não significam que você muda tudo", acrescentou.

A Fitch classifica o Brasil em BB, com perspectiva "positiva". A nota BB está duas escalas abaixo da nota grau de investimento.

"Mesmo depois das revisões, o PIB do Brasil continua a crescer num ritmo mais baixo comparado com seus pares", disse Guedes. O Brasil é o único país do grupo de economias emergentes BRIC – que também inclui Rússia, Índia e China – que ainda não alcançou um status grau de investimento.

Pela manhã, usando uma metodologia nova e mais abrangente, o IBGE divulgou os dados revisados de crescimento econômico para os anos entre 2000 e 2005, que mostraram uma taxa de expansão maior do que a registrada inicialmente. Para 2005, a nova metodologia do instituto apontou uma expansão do PIB de 2,9%, em vez de 2,3% registrada pelo método anterior. Para 2004, o avanço econômico foi revisado de 4,9% para 5,7% e, para 2003, o dado foi elevado para uma expansão de 1,1%, de um dado inicial de +0 5%.

A nova metodologia mede algumas atividades econômicas consideradas "informais", como os varejistas ao ar livre e fornecedores de serviços domésticos. O novo cálculo também coloca mais ênfase em áreas como tecnologia, tecnologia de serviços e atividades de mercado financeiro. "Com a nova metodologia, vimos alguns números melhores e alguns números piores do que o anunciado anteriormente, mas os problemas que afetam um upgrade (aumento da nota) do Brasil permanecem", disse Guedes.

"Para alcançar o grau de investimento, o Brasil precisa fazer a reforma de seu sistema de previdência, melhorar os controles sobre os gastos do governo, conceder autonomia para o Banco Central e melhorar o ambiente de negócios", acrescentou. Guedes declinou em dar qualquer cronograma para um possível upgrade para o Brasil.

Em 2006, o PIB do Brasil cresceu 2,9%, mas esse dado foi calculado sob a velha metodologia. O IBGE vai divulgar o dado revisado do PIB do ano passado, sob o novo cálculo, na próxima semana. As informações são da Dow Jones.

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