Fiscalização da cobertura florestal busca deter perda de solo agricultável

Para cada quilo de grão produzido pela agricultura mecanizada e intensiva, outros 10 quilos de solos férteis são perdidos pelo escoamento para o fundo dos rios, riachos e lagoas, provocando forte assoreamento de cursos de água, com mortandade elevada da fauna e flora aquática.

Os números foram apresentados nesta quarta-feira pelo secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, Luiz Eduardo Cheida. E, segundo ele, justificam o rigor das equipes de fiscalização do Instituto Ambiental do Paraná e Polícia Florestal, com apoio das secretarias municipais ambientais, contra produtores rurais que não cumprem os termos de compromisso para recomposição das matas ciliares.

Somente o rio Ivaí, que corta grande parte do Norte e Noroeste do Estado, despeja no rio Paraná, anualmente, quase 2 milhões de toneladas de terra em conseqüência do baixo índice de matas ciliares ? formação vegetal às margens dos recursos hídricos que tem como principal função impedir o carreamento de grande quantidade de sedimentos para o fundo dos rios.

Rigor e recuperação

Na última semana, 40 produtores rurais de Marialva, município vizinho a Maringá, no Norte do Estado, foram multados em R$ 2 mil por hectare não preservado. Também este ano, outros oito produtores de Itambé, na região, foram detidos em razão da mesma irregularidade. Todos deverão arcar com multas e responder a processo por crime ambiental, além do risco de detenção entre um e três anos.

O secretário Cheida explica que, se de um lado há rigidez na fiscalização e aplicação das leis ambientais, de outro o governo do Estado tem desenvolvido o máximo esforço para recuperação das matas ciliares. Programa neste sentido permitirá o plantio de 90 milhões de mudas ao longo dos rios paranaenses até o ano de 2006. O Estado comprou e repassou centenas de kits de viveiros para os municípios produzirem as essências nativas destinadas aos produtores para que possam efetuar a reposição de matas ciliares junto aos cursos de água de suas propriedades.

"Há algumas décadas incentivava-se a implantação de lavouras comerciais até quase dentro dos rios. Hoje o meio ambiente sofre os efeitos danosos desse modo de produção. Temos que reverter este quadro com urgência para conter o assoreamento sobre os principais rios e não comprometer definitivamente os recursos hídricos do Paraná ," alerta o secretário.

Ao defender a agricultura sustentável, Cheida alerta para a necessidade de equilíbrio entre produção comercial de grãos, a principal base econômica do Paraná, e preservação dos recursos naturais. "Estes são finitos. Se não preservados e/ou recuperados, a produção de grãos e de demais culturas intensivas ficará comprometida a curto e médio prazo. Daí, o esforço do governo do Estado, em parceria com produtores, prefeituras e demais segmentos da sociedade para o mutirão preservacionista", complementa Cheida.

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