Finep aprova projetos tecnológicos do Iapar

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, aprovou dois projetos do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento. Os projetos aprovados foram: ?Regionalização do balanço hídrico no Paraná utilizando sensoriamento remoto e informações da rede estadual de estações meteorológicas de superfície? e ?Desenvolvimento do projeto de uma colhedora de mandioca?, que tiveram como responsáveis, respectivamente, os pesquisadores Paulo Caramori e Paulo Figueiredo.

Segundo Figueiredo, o projeto prevê a liberação de R$ 734 mil, sendo R$ 563 do Finep e o restante uma contrapartida do Iapar e das cinco indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas parceiras do instituto no projeto. Ainda de acordo com o pesquisador, ?existe uma demanda da indústria de fécula de mandioca e do setor produtivo para a criação de uma máquina para colher mandioca, por conta da falta de mão-de-obra no campo e do alto custo para manter os trabalhadores?. Figueiredo acrescenta que a mão-de-obra está cada vez mais escassa ao passo que a produção de mandioca está crescendo. Além disso, ele também diz que as máquinas de colheita de mandioca existentes no mercado têm muitas restrições por utilizarem muita mão-de-obra. ?Algumas máquinas usam 12 pessoas para operá-la, o que torna praticamente inviável o uso.?

A nova máquina que será desenvolvida pelo Iapar e as parceiras, explica Figueiredo, será uma inovação completa. ?Nós vamos começar do zero porque a nossa máquina não será rebocada por um trator, como acontece hoje. Esse tipo de equipamento gasta muita energia por não ser automotriz e ainda dificulta o uso em pequenas propriedades pela falta de espaço para manobra?, explica o responsável pela nova máquina. O desenvolvimento do protótipo começa a partir do início do ano que vem e tem dois anos para ficar pronto.

O projeto de regionalização do balanço hídrico também deve trazer grandes benefícios para todo o setor agrícola paranaense. Conforme o pesquisador Paulo Caramori, vai ser possível fazer um balanço hídrico detalhado do Estado com a combinação de informações obtidas pelo satélite e os dados das estações meteorológicas. ?Hoje o balanço hídrico é estimulado com base apenas na coleta dos dados das 34 estações meteorológicas distribuídas pelo Paraná. Utilizando o radar meteorológico, que pertence ao Simepar e fica em Teixeira Soares, é possível mapear as áreas onde ocorreram as chuvas e quantificá-las, e com a imagem de satélite é possível determinar a temperatura da superfície do solo e o vigor vegetal?, explica Caramori.

Ainda segundo ele, associando os dados do radar, do satélite e das estações meteorológicas é possível fazer o balanço hídrico detalhado. ?As chuvas têm uma variabilidade muito grande, principalmente no verão, então pode ocorrer de chover na estação meteorológica de Londrina, por exemplo, e não chover em Cambé. Se não tivermos a possibilidade de cruzar todos esses dados e não houver uma estação em Cambé, nós tomaremos como base os números de Londrina e não saberemos que no município vizinho a situação foi diferente?, esclarece o pesquisador.

A expectativa de Caramori é que com a nova metodologia, seja possível fornecer informações mais exatas para a agricultura paranaense. Entre os benefícios para o agricultor, ainda segundo o cientista do Iapar, estaria a redução de perdas com o uso de insumos, a diminuição de gastos com preparo do solo e o planejamento adequado da próxima safra. As cooperativas poderiam criar estratégias de comercialização de produtos e utilização de silos para armazenamento de grãos e o Estado teria a chance de fazer políticas de preços, cobrir perdas provocadas pelo mau tempo e ainda prever com mais exatidão a expectativa de safra, fatores fundamentais para a agropecuária paranaense. Caramori lembra que ?a água é o fator que mais interfere na produtividade no mundo?, por isso é tão importante ter precisão nas informações sobre chuva.

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