Financiando a desordem

Poucos brasileiros sabiam da existência do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra). Das organizações que usam a justa reivindicação de uma reforma agrária como camuflagem para objetivos político-ideológicos, esta era das menos conhecidas, até que ganhou as manchetes e provocou espanto na Nação, ao invadir com inaudita violência o Congresso Nacional, promovendo um quebra-quebra com prejuízos materiais e feridos. Hoje há uma quase unanimidade sobre a reforma agrária. Ela recebe apoio porque é uma medida de justiça social e fórmula para promover o desenvolvimento na área da agricultura e a inclusão social das famílias de agricultores. Contra ela não existem movimentos, mas apenas alguns argumentos de ordem econômica, carência de recursos, frágil vontade política dos governantes e óbices de ordem jurídica. E dúvidas sobre sua eficiência, se for feita com distribuição de terras, sem elevados investimentos em assistência aos assentados. Também se discute se na competição internacional de produtos agrícolas propriedades de porte pequeno e sem sofisticado planejamento seriam capazes de enfrentar a predatória concorrência internacional. O Brasil luta, e ainda sem resultados, contra esquemas de subsídios praticados tanto na Europa como na América do Norte. É uma briga de gigantes e a reforma agrária aparece como um processo de pulverização ineficiente.

Assim, um problema que é antes de mais nada econômico é tratado como se fosse exclusivamente social.

A quase unanimidade no apoio à reforma agrária, entretanto, não serve de atenuante e muito menos de justificativa para o ato de centenas de militantes do tal de MLST, invadindo um dos três poderes, quebrando tudo que foi encontrado pela frente e ferindo muitos de seus funcionários. Nem mesmo os cidadãos que olham com revolta para a Câmara dos Deputados, depois de revelados tantos desvios de parlamentares e seu envolvimento com escândalos como o mensalão e a gangue dos ?sanguessugas?, aceitaram tal violência. A consciência democrática leva a desejar a higienização do Congresso e seu aperfeiçoamento. Nunca a sua eliminação, muito menos num ato bárbaro como a referida invasão.

O espanto pelo acontecido se tornou muito maior quando foi revelado, com provas incontestes, que a cúpula do MLST premeditou e organizou a invasão e o quebra-quebra. Uma reunião deles foi filmada e nela, usando maliciosamente linguagem cifrada, todos os detalhes do atentado foram decididos. Até mesmo comissões encarregadas de sondar o terreno e verificar quais os caminhos mais seguros a percorrer para tornar a invasão um sucesso, foram criadas e ativadas.

A indignação dos cidadãos de bem aumenta ainda mais quando descobre que o movimento que promoveu o atentado é presidido por um membro (agora afastado) da direção nacional do PT. E que o governo federal vinha financiando o MLST através de uma ONG, já lhe tendo entregue R$ 5,6 milhões, quase R$ 2 milhões logo após uma invasão que seus membros fizeram no Ministério da Fazenda. E Bruno Maranhão, o líder do tal movimento, foi repetidas vezes recebido no Palácio do Planalto pelo presidente da República.

É uma situação paradoxal, se não absurda. O governo está financiando um movimento que busca destruir as instituições democráticas. Destruir o próprio governo.

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