Fim de caso

Está chegando ao fim uma relação político-partidária que deu certo nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, mas começou a sofrer o desgaste inevitável da convivência forçada após a fragorosa derrota imposta por Luiz Inácio Lula da Silva a José Serra, em 2002.

Os protagonistas da união hoje em processo ainda não litigioso de separação são o PSDB e o PFL, que na última eleição havia sido preterido pelo PMDB na indicação do vice-presidente, no caso, a ex-deputada federal Rita Camata (ES).

Para enfrentar Lula pela segunda vez, o PSDB indicou o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, cabendo ao PFL compor a chapa (o PMDB preferiu ficar em cima do muro, atraído pelo renque de cargos na Esplanada e nas estatais), com o senador pernambucano José Jorge, político que está acrescentando tantos votos ao tucano de Pindamonhangaba quanto é possível transformar areia em ouro.

Como os indicativos confirmam, para desespero do bivaque centro-direitista do arco político brasileiro, que Lula deverá levar no primeiro turno, alguns pefelistas de escol como o senador Jorge Bornhausen (SC) e o deputado federal Rodrigo Maia (RJ), sem nenhum constrangimento prenunciam o término de um casamento de 12 anos. O vetusto senador catarinense, que sequer conseguiu viabilizar sua candidatura à reeleição para o Senado, naquilo que poderá ser o canto do cisne, de certo modo nomeou o jovem político fluminense, filho do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, sucessor presuntivo na presidência nacional da agremiação, após a eleição de outubro.

Resistindo a duras penas em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia, na base do comando personalista de Bornhausen, Maia e ACM, além dos feudos dominados por oligarcas nordestinos, que por seu turno vão também bordejando o ocaso, o PFL será forçado a operar um verdadeiro processo de ?aggiornamento?, se é que pretende evitar o esboroamento total.

Nutrido pela ligação umbilical com o poder, o PFL não conseguiu suportar as agruras de quatro anos sem nomeações e antevê experiência ainda mais amarga até 2010. O problema é conseguir substitutos para as felpudas raposas hoje arroladas sob a constrangedora insígnia dos sem voto.

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