Fila da Cohab vai testar construção alternativa

As três empresas de construção alternativa que estão erguendo seis unidades habitacionais para testes no loteamento Jardim Centaury, no Umbará, vão concluir esta semana seus trabalhos. Na próxima semana, as casas serão inauguradas. As obras fazem parte de um projeto de parceria entre a Cohab e o Construbusiness ? programa da indústria da construção civil para incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias na área.

Pelos termos da parceria, a Cohab está cedendo os lotes e as empresas integradas ao Construbusiness assumem os custos das construções. As universidades Federal, PUC/PR e Unicenp também participam do programa, na elaboração do projeto arquitetônico e na avaliação dos sistemas construtivos. Depois, quando as unidades forem ocupadas, um instituto privado de pesquisa tecnológica, irá fazer a avaliação pós-ocupação.

O objetivo é que, ao final do processo, os sistemas construtivos possam obter a certificação ? documento que habilitará as empresas a participar de programas habitacionais financiados com recursos oficiais. Hoje, a Caixa Econômica Federal, principal agente financeiro do país no setor, não libera financiamento para empresas que utilizam sistemas construtivos alternativos.

As casas, depois de prontas, serão comercializadas entre famílias inscritas na fila da Cohab. Elas se comprometem por escrito a autorizar a realização de testes durante um período de 12 meses após a ocupação. Também devem estar preparadas, durante este período, para receber visitas de técnicos envolvidos no programa Construbusiness.

De acordo com o convênio assinado entre a Cohab e o Citpar (Centro de Integração de Tecnologia do Paraná) para implantação do programa Construbusiness, outros sistemas alternativos poderão ser testados. As empresas dispõe de 12 lotes cedidos pela Cohab e, até agora, seis estão sendo ocupados com construções. “Outras empresas poderão se integrar ao projeto e serão muito bem vindas”, diz o engenheiro Eliel Lopes Ferreira Júnior, coordenador executivo do Construbusiness.

Para participar do programa, as empresas devem observar alguns critérios, como o baixo custo e a qualidade. O valor da construção não pode exceder R$ 7 mil (para uma unidade de até 30 metros quadrados) e o material deve, de preferência, estar disponível para comercialização em “kits”, para facilitar a montagem das casas e o acesso às famílias de renda mais baixa.

As unidades devem observar outros pré-requisitos como a possibilidade de ampliações, a facilidade de manutenção, a durabilidade, a estética e a funcionalidade. A avaliação levará em conta aspectos de funcionalidade, acústica, luminosidade, conforto térmico, desempenho hídrico, desempenho estrutural, prevenção contra incêndio e preocupação ambiental.

Sistemas ?

Os sistemas construtivos que serão avaliados nesta primeira fase do programa são três: placas cimentícias, blocos de concreto intertravados e concreto celular. Todos são desenvolvidos por empresas que operam no estado do Paraná.

O sistema das placas cimentícias consiste na utilização de chapas feitas com uma mistura de concreto tradicional com argamassa, que são montadas sobre uma fundação (sistema Radier). As placas são fixadas com parafusos em perfis metálicos, em duas camadas (uma externa e uma interna). Entre as duas, é colocada uma manta de lã de vidro, que funciona como elemento de conforto térmico. As instalações elétricas e hidráulicas passam por uma tubulação, sem a necessidade de quebrar paredes e, portanto, sem desperdício.

O sistema de trava blocos utiliza blocos de concreto, de tamanho equivalente ao de um tijolo, com um sistema de encaixe com pinos, semelhante ao do brinquedo Lego. As peças são montadas sobre uma fundação Radier e o fechamento é feito sem argamassa, pois os blocos são fixados um no outro.

O sistema de concreto celular é o único entre os três que exige o uso de máquinas para a montagem. O concreto celular ? também chamado de concreto leve ? é formado pela mistura de concreto sem brita e com areia, adicionado de um produto químico, que confere mais leveza ao material. Na aparência, tem uma consistência aerada, mas é tão resistente quanto o concreto tradicional. Neste sistema, as paredes da casa são montadas em formas de madeira erguidas no próprio terreno e depois preenchidas pelo concreto celular, com caminhão betoneira.

Todas as casas construídas com sistemas alternativos têm o mesmo projeto arquitetônico. São unidades com 27 metros quadrados, que incluem sala, cozinha, banheiro e um quarto. Cada sistema terá duas unidades diferenciadas: uma delas terá acabamento básico (simplificado) e a outra terá acabamento completo e estará equipada com mobiliário. O projeto do mobiliário está sendo desenvolvido pelo Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica).

Voltar ao topo