Ferropar anuncia ?investimentos? para tentar impedir sua falência

O anúncio feito pela Ferropar ? empresa privada que opera a ferrovia entre Guarapuava e Cascavel – de que vai aumentar o número de vagões em circulação na Ferroeste, de 62 para 109, é apenas uma manobra para iludir a opinião pública e tentar impedir a decretação da falência da empresa pela Justiça, segundo avaliação da direção da Ferroeste. ?O anúncio de investimentos que nunca se concretizam é uma conhecida tática da Ferropar, utilizada várias vezes antes para tentar iludir a opinião pública e influenciar o Poder Judiciário?, afirma Samuel Gomes. ?Nos dez anos de contrato, a Ferropar deveria ter investido R$ 136,3 milhões, mas investiu apenas R$ 4 milhões, menos de 3% do devido?, completa.

A falência foi pedida pelo governo estadual no ano passado e deve ser decidida ainda neste mês. ?Contratualmente, a Ferropar deveria ter em operação 732 vagões desde 2005, mas tem apenas 62 vagões. Com a entrada em operação de 47 vagões anunciada nesta semana, passará a ter 109 vagões, o equivalente a apenas 14,8% do devido?, informa Samuel Gomes, diretor da Ferroeste.

A Ferroeste é uma sociedade de economia mista, integrante da administração indireta do Estado do Paraná. Entre 1991 e 1994, a empresa construiu 248 quilômetros de ferrovia entre Guarapuava e Cascavel. Em 1997, a Ferroeste cedeu à empresa privada Ferropar o direito de operar a ferrovia, mediante um contrato que jamais foi cumprido.

O contrato determina que a Ferropar deve pagar parcelas trimestrais à Ferroeste pelo arrendamento da ferrovia, mas a empresa jamais honrou os pagamentos. ?A dívida deles com o Paraná aumenta R$ 40 mil ao dia, uma vez que não pagam um centavo pela utilização da ferrovia?, afirma Samuel Gomes. Essa dívida levou a Ferroeste a protestar os títulos não honrados e pedir na Justiça a falência da Ferropar, a fim de retomar a concessão da ferrovia.

O descumprimento do contrato pela Ferropar não pára por aí. Desde que assumiu a ferrovia, a empresa deveria ter transportado 31 milhões de toneladas, mas transportou apenas 11,5 milhões, menos da metade do que deveria. ?O pior é que os poucos volumes movimentados estão sendo transportados pela concessionária da linha contígua, a ALL. Das 657 mil toneladas transportadas neste ano, a Ferropar foi responsável por 9,17%; os restantes 90,83% foram transportados pela ALL?, informa Samuel Gomes.

?A Ferropar já causou prejuízos monumentais aos produtores do Oeste do Paraná, que embora tenham à sua disposição uma moderna ferrovia construída pelo Estado, são obrigados a transportar sua produção por caminhões?, afirma o diretor da Ferroeste. ?Além disso, a Ferropar vive da renda de bem alheio, sem pagar ao seu proprietário: cobra da ALL para que esta possa utilizar os trilhos da ferrovia e não paga um centavo por isso?, completa.

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