Febraban nega ter proposto ao governo mudança na poupança

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reconheceu nesta quinta-feira (7) que defende mudanças no cálculo da remuneração da caderneta de poupança, mas negou o envio de qualquer proposta ao governo federal nesse sentido. "O que fizemos foi mostrar a nossa preocupação com a fórmula que define a TR, mas achamos que o próprio governo é quem deve fazer qualquer alteração", afirmou o diretor de crédito imobiliário da entidade, Natalino Gazonato.

Segundo ele, a preocupação se refere especificamente à fórmula que define a Taxa Referencial (TR), que pelos critérios atuais não acompanha as reduções na taxa básica de juros (Selic). Gazonato ressaltou que "a TR não é spread", ou seja, os bancos não obtêm lucro com o fator de correção. "O banco paga a taxa ao poupador de um lado e do outro recebe do mutuário. O retorno vem do juro cobrado", disse.

Conforme o diretor, houve uma "interpretação errada" de que os bancos estariam defendendo as próprias margens de lucro ao pedir a revisão do cálculo da poupança. "Nossa verdadeira preocupação é com quem toma os financiamentos, que são corrigidos pela TR", assegurou. Na análise do executivo da Febraban, em última instância, a manutenção da taxa referencial pode inviabilizar a própria continuidade da queda dos juros no País.

Fundos

Gazonato negou a preocupação dos bancos com uma migração em massa de recursos dos fundos de investimento para a poupança. A aplicação vem ganhando atratividade com a redução da taxa básica de juros (Selic) e, atualmente, já apresenta remuneração superior à de alguns fundos.

Ele avaliou a captação da caderneta – que em novembro foi de R$ 2,6 bilhões, a maior desde dezembro do ano passado – como "absolutamente normal" e decorrente do pagamento do 13º salário. "Os números da indústria de fundos de investimento mostram que esse movimento de transferência não aconteceu." Em novembro, os fundos apresentaram entrada positiva de R$ 2,121 bilhões, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).

Por outro lado, ele reconheceu a apreensão com um descasamento dos prazos de captação e aplicação, caso realmente haja no futuro uma entrada de recursos muito forte na caderneta. O tema, inclusive, foi assunto de comunicado enviado ontem pela Febraban.

Pelas regras em vigor, os bancos são obrigados a destinar 65% da poupança a financiamentos imobiliários. O receio é de uma reversão no cenário, ou seja, que a poupança volte a se tornar pouco rentável, o que levaria a uma fuga de aplicações. Desta forma, as instituições ficariam com uma proporção muito elevada de recursos aplicados no longo prazo, segundo o diretor. "A poupança não pode ter movimentos bruscos de entrada ou de saída" defendeu.

Voltar ao topo