Estupor e catatonia

Os números coletados pelo Ibope nos primeiros dias da semana e divulgados pelo Jornal Nacional na quinta-feira confirmaram as enquetes anteriores realizadas pela CNT/Sensus e Datafolha. Com ou sem candidato do PMDB, Lula ganha a eleição no primeiro turno e a revelação teve o efeito duma ducha gelada na aturdida campanha de Geraldo Alckmin.

Além dos efeitos destruidores da batalha perdida para o Primeiro Comando da Capital (PCC), que do interior de penitenciárias de segurança máxima emitiu ordens para o início dos ataques, desmoralizando por completo a cúpula dirigente do sistema de segurança pública do estado mais poderoso da Federação, os números do Ibope lançam o esforço de tucanos e pefelistas para desalojar Lula da Presidência da República em ineludível surto de estupor e catatonia.

O candidato presidencial Geraldo Alckmin fez das tripas coração para suplantar o ex-prefeito José Serra, mas, depois de tantas semanas ainda não conseguiu apresentar ao eleitorado sequer uma razão plausível para galvanizar a candidatura. A escolha do vice-presidente, senador José Jorge (PFL-PE), pouco acrescentou à proposta do tucanato, pois na verdade serviu apenas para contrabalançar o predomínio paulista com a indicação dum político nordestino.

Lula tem imensa folga tanto na contagem dos votos válidos (62% a 24% de Alckmin), quanto no acréscimo dos votos brancos e nulos (48% a 18% de Alckmin), passando a motoniveladora sobre Pedro Simon, Roberto Freire, Heloisa Helena, Enéas, Cristovam Buarque e José Maria Eymael, prováveis nomes da escolha submetida aos eleitores no dia 1.º de outubro. Na hipótese do segundo turno Lula vence Alckmin por 53% a 31% dos votos.

O prefeito carioca César Maia, crítico mordaz da candidatura Alckmin – sempre defendeu Serra – de tanto zombar da fraqueza do ex-governador foi constrangido a arrefecer os comentários desagregadores. Reconhecendo a supremacia de Lula, o ex-brizolista afirmou que nada cola no presidente e, diante disso passou a propor a busca de um adjetivo, apenas um, mediante o qual a população fosse cientificada das intenções mais abjetas e ocultas do antigo operário.

Atitude compreensível embora reveladora da confusão instalada na campanha tucana, em que não aparece um só dirigente com serenidade e competência para assumir o comando e botar ordem na casa.

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