Estado mastodôntico

Nos últimos cinco anos, o número de servidores federais ativos aumentou nada menos de 22,6% no Brasil. Esse percentual refere-se ao aumento verificado nos três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Ressalta o fato de que o maior aumento deu-se no Poder Executivo, com 24%. Considerando-se que o Executivo é o que mais emprega, os percentuais referentes aos dois outros poderes, além de menores, são calculados sobre uma base infinitamente menor.

Embora devamos nos preocupar também com o aumento no Legislativo e no Judiciário e ainda nos demais níveis de governo, como empresas públicas, governos estaduais e municipais, parece evidente que o Executivo é que indica estarmos vivendo sob um estado mastodôntico, cada vez maior. Seria até aceitável que o governo tanto se agigantasse se, em contrapartida, a nação recebesse mais e melhores serviços. Mas o que se verifica é que a máquina pública, que não para de crescer, não atende às necessidades da população nem em quantidade, nem em qualidade. No atual governo, que está sendo bisado, a máquina pública se multiplica desde a cúpula, até os níveis mais baixos da administração.

Difícil acreditar que esse crescimento, que nos mostra um gigantesco cabide de empregos, existe por alguma razão ideológica ou programática. Seria compreensível num governo socialista, pois desse credo há até governos em que, a rigor, todos os cidadãos são, de alguma forma, funcionários públicos. Mas, o governo brasileiro, mesmo sob Lula, não pode ser considerado um governo socialista, embora a ênfase dada aos programas sociais. É um governo capitalista, com todos os defeitos e virtudes que o capitalismo tem.

Formado por um condomínio de partidos e forças políticas, a cúpula governamental espelha uma administração em que se busca o atendimento de todas as solicitações de emprego. Há um ministério enorme. Pouca gente, mesmo dentro do governo, é capaz de citar todos os ministérios e raríssimas seriam capazes de nomear os seus ocupantes. Vez ou outra a população, via meios de comunicação, descobre a existência de mais um ministério nunca imaginado e lhe é revelado o nome de um ministro absolutamente desconhecido. Nem mesmo as funções de cada ministério ou repartição de segundo ou terceiro escalão são conhecidas ou delimitadas. Não raro vê-se um ministério ou repartição atuando em campo que se imaginava fosse seara de outro órgão governamental.

O modelo do Estado gigantesco, se é que isto é um modelo, contraria tudo o que se vê nos países mais desenvolvidos, incluindo-se aí até a China comunista, que politicamente continua aferrada ao marxismo, mas que em termos de gestão e economia, adota os mecanismos mais eficientes e céleres do capitalismo. No mais, esse Estado mastodôntico é contrariado até por passos significativos dados pelo atual governo brasileiro, que privatiza estadas e serviços, adotando modelos que até há pouco condenava como sendo alienação de propriedades do povo.

Razões políticas e mesmo eleitorais parecem presidir esta política de empreguismo. Política que compromete o presente e o futuro do Brasil, pois coloca sobre a população o peso de um governo gigantesco, lerdo e, por isto mesmo, pouco eficiente. É hora de denunciar essa situação para que busquemos um Estado do tamanho adequado para bem servir a nação e que deixe de ser um peso a esmagá-la com impostos e taxas. Impostos e taxas nunca suficientes para sustentar tantos funcionários públicos. Quadros que já são enormes e que não param de crescer sem nenhuma razão plausível e, evidentemente, na contramão da modernidade.

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