Escalada brutal

Não se fala de outro assunto, nos últimos dias, senão no lucro astronômico dos grandes bancos de capital aberto do País. Para alguns deles, um lucro portentoso que ultrapassou o total gasto com a folha de pagamento dos empregados. Para Elcio Takeshi, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, a prova cabal da conjuntura econômica favorável.

Na opinião de Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, a rentabilidade das instituições financeiras tem sua ocorrência plenamente justificada. De acordo com o executivo, para um banco quebrar, só com desvio de dinheiro, porque a melhor coisa do mundo é um banco bem administrado.

?A segunda melhor coisa do mundo é um banco mais ou menos administrado, e a terceira é um banco mal administrado?, completou, com a candura de um frade mendicante.

Uma das muitas vantagens dos bancos é a prerrogativa de decidir quanto cobrar sobre cada serviço oferecido aos clientes. O Bradesco, por exemplo, teve em 2004 uma receita com serviços e tarifas de R$ 5,8 bilhões. Pesquisa da ABM Consulting com seis grandes bancos mostrou que a receita com serviços bancários e tarifas cresceu de R$ 4,8 bilhões em 1995 para R$ 19,2 bilhões até setembro do ano passado. O valor corresponde a 113% do total gasto com as respectivas folhas de pagamento.

Todavia, nada supera na formidável espiral dos lucros o chamado spread, diferença brutal entre juros pagos pelos bancos ao captar dinheiro e os juros cobrados nos empréstimos feitos a pessoas físicas ou jurídicas. Em alguns casos, uma martelada equivalente a 160,63% ao ano sobre o total do empréstimo.

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