Empresas de cargas questionam aumento do pedágio

Entidades ligadas ao setor de transporte classificam como abusivo o novo reajuste concedido pela Justiça à concessionária Caminhos do Paraná, que administra o trecho de 405,8 quilômetros da BR-277, entre Guarapuava e Palmeira; da BR-323, de Prudentópolis a Ponta Grossa; e da BR-476, entre Lapa e Araucária.

O índice chega a 42,86 % e deve vigorar a partir da zero hora de quinta-feira nas cinco praças da concessionária.

Para o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar), Valmor Weiss, a autorização de mais esse reajuste é absurda. ?Consideramos o aumento como mais uma loucura, mais uma demonstração do poder que têm esses senhores que ganharam em contratos escusos o direito de cobrar pedágios absurdos em nossas estradas?, revela.

Weiss, que também está assumindo a presidência da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar) e ainda é vice-presidente regional da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), afirma que o prejuízo com mais um aumento nas tarifas do pedágio não afeta apenas o setor de transportes, mas toda a sociedade?.

?O pedágio já representa cerca de 20 % do preço do frete e o que mais nos preocupa é a reação em cadeia, que acaba por onerar o cidadão, o consumidor final, a população paranaense e a economia do Estado?, explica.

Já o diretor-presidente do Sindicato das Cooperativas de Transporte do Paraná (Sincoopar) e representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nelson Canan, prevê a inviabilização do transporte nas rodovias paranaenses em um futuro próximo.

?Todo o setor de transportes lamenta mais esse aumento e estamos chegando a um ponto crítico. Diversos caminhoneiros autônomos já deixaram o Estado para trabalhar onde encontrem mais condições?, lamenta.

Para efeito de comparação, Canan revela que o valor pago em pedágio por um caminhoneiro que sai de Foz do Iguaçu e vai ao Porto de Paranaguá em um mês é maior do que a parcela paga em um consórcio para adquirir um caminhão novo.

?De Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá, o caminhoneiro paga quase R$ 4 mil por mês, enquanto a parcela para adquirir um bom caminhão em consórcio não ultrapassa R$ 3 mil?.

Canan denuncia ainda que o alto valor não é nem transformado em benefício aos usuários das rodovias, sem a realização de obras e investimentos em melhoria da capacidade de tráfego.

O coordenador do Fórum Popular Contra o Pedágio e ex-deputado Acir Mezzadri reforça as críticas dizendo que ?apenas uma pequena elite parasita e sanguessuga? é contemplada pelo sistema criado com a concessão de rodovias, prejudicando de forma irreversível o setor de transportes.

?Se toda a população recebesse os benefícios que recebem as concessionárias de pedágio, a situação de todo o trabalhador paranaense seria bem melhor?, compara.

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