Empresário diz ter provas contra 50 parlamentares

O empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que é acusado de integrar a máfia dos sanguessugas e aderiu ao programa de delação premiada, vai apresentar provas da participação de parlamentares no esquema, segundo informou ontem seu advogado, Otto Medeiros. Vedoin é um dos donos da Planam, principal empresa do esquema de venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras com dinheiro de emendas parlamentares

Vedoin, contou o advogado, disse que as propinas foram pagas por depósitos em conta corrente, o que garantiria a comprovação da corrupção. Segundo uma autoridade que acompanha o caso, cerca de 50 parlamentares estão nessa situação

Em prisão preventiva há dois meses, Vedoin está depondo à Justiça desde a semana passada e só deve terminar amanhã. Seu depoimento já soma 83 páginas. Além de recibos de depósito, ele entregou quatro caixas de novos documentos que não constam do inquérito da PF

Medeiros disse que toda a família seguirá esse caminho: dizer o que sabem ao juiz da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, Jeferson Schneider. Até o pai, Darci Vedoin, dono da Planam, que tinha contato direto com parlamentares. A idéia é colaborar para obter redução da pena

Aterrador – "Nunca vi um depoimento durar tantos dias. Ele está apresentando documentos essenciais que comprovam todo o esquema" contou o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ). Ele é um dos 7 integrantes da CPI que foram a Cuiabá. "O depoimento é excepcional e aterrador", avaliou o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE). "Aterrador porque revela um esquema criminoso que envolve centenas de pessoas, 19 Estados e entre 60 e 80 parlamentares.

Os integrantes da CPI estiveram ontem com Schneider. Como o depoimento de Vedoin não terminou, voltam hoje a Brasília sem interrogá-lo, o que era sua principal missão. Mas assim que o depoimento for concluído, seu conteúdo e os documentos serão passados à CPI

Para não perder a viagem, os parlamentares tentam ouvir hoje Darci Vedoin, Ivo Marcelo Espíndola (marido de Alessandra Vedoin filha de Darci) e o empresário Ronildo Medeiros. Ontem ouviram Maria da Penha Lino, ex-funcionária da Planam e ex-assessora do Ministério da Saúde, acusada de envolvimento no esquema. Mas o depoimento foi considerado pouco produtivo. "Ela está retraída", admitiu o relator, senador Amir Lando (PMDB-RO). "Ela está na contramão. Os outros envolvidos estão colaborando. É um suicídio", disse Jungmann

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