Volta por cima

Empresários fazem “do limão uma limonada” e investem no próprio negócio

Diego Malheiros e a Kombi onde vai à eventos para vender chopp artesanal (Foto: Raquel Tannuri Santana).

Empreender - Tribuna Eles vendem roupas, cerveja artesanal e bolo. Em comum, a vontade de dar certo como empreendedores. Os hoje empresários João Constantino, Diego Malheiros e Fernando Tavares fizeram o que muita gente gostaria de fazer: deram um basta como funcionários e viraram empreendedores. E estão se saindo tão bem que nem pensam em voltar ao mercado de trabalho.

Constantino trabalhou numa multinacional na vizinha São José dos Pinhais. “Sou formado em Relações Internacionais e era responsável pelas compras da empresa”, relata. Mas desde 2010 ele vinha acalentando o sonho de ter o próprio negócio. “Morei um ano em Londres e no lugar que vivi tinha muitas lojas descoladas. Desde então vinha sonhando em ter a minha”, lembra.

A loja, inspirada em Londres, vende roupas descoladas e exclusivas (Foto: Raquel Tannuri Santana).
A loja, inspirada em Londres, vende roupas descoladas e exclusivas (Foto: Raquel Tannuri Santana).

Pediu as contas e há quatro meses investiu no sonho. Montou a Heritage, roupas em estilo “vintage”, no centro de Curitiba. “Mudo a coleção a cada 15 dias e assim consigo manter a clientela”, conta. Constantino usou o que aprendeu na faculdade para investir. “Fiz plano de negócios, conferi o público, enfim, me virei sozinho”, relata.

Já o empresário Diego Malheiros foi buscar consultoria para empreender. Depois de trabalhar por 4 anos como bancário e assim conseguir juntar uma grana, Malheiros pediu as contas e partiu para a independência financeira. “Fui ao Sebrae pedir orientação”, afirma. Fez o curso de Microempreendedor Individual. “Ajudou a ter uma noção de mercado e tudo o que eu teria que enfrentar”, afirma.

Com a ajuda do pai e das economias que tinha guardado, investiu cerca de R$ 70 mil no negócio. Adaptou uma Kombi onde vende chopp artesanal de várias marcas. “Foi uma boa escolha, pois é um bom nicho de mercado”, acredita. Criou a marca Southbeer, adesivou o veículo e roda por feiras e festas em várias cidades e Estados.

O diferencial da Kombi de Malheiros é que ele não trabalha com uma marca fixa da bebida. Geralmente ele tem disponível pelo menos cinco delas diferentes. “Dependo muito da produção das marcas”, justifica. Entre as marcas mais constantes está a Bodebrown, marca que aliás inspirou o negócio.

Fit e fat

Depois de trabalhar por 8 anos como Engenheiro Mecânico numa multinacional, Fernando Tavares mudou de empresa e na sequência, se viu desempregado. “Esperaram acabar meu período de experiência e me demitiram”, relata. Como ele havia acabado de comprar uma casa, se viu sem o FGTS. “Nessa crise, fiquei pensando como iria fazer para pagar as contas, que continuavam chegando”, lembra.

Fez do limão, uma limonada. Habilidoso na cozinha teve a ideia de fazer bolo. Criou dois tipos, o fit, para quem malha e o fat, para quem não tem esse tipo de preocupação. A mulher, que é advogada, postou as delícias numa rede social e foi um sucesso. “Vendo uma média de 20 unidades por dia”, comemora. Os bolos custam R$ 12 a unidade e pesam entre 300 e 360 gramas.

Fernando Tavares driblou o desemprego vendendo bolos fit e fat (Foto: Raquel Tannuri Santana).
Fernando Tavares driblou o desemprego vendendo bolos fit e fat (Foto: Raquel Tannuri Santana).

O negócio está indo tão bem que ele pensa em se associar ao cunhado, que também foi demitido. “A ideia é abrir uma confeitaria”, sonha. O bolo fit é feito com farinha integral, óleo de coco, especiarias a nozes. Já o fat é uma inovação de Tavares. “Ele é feito com farinha láctea”, explica. De acordo com ele, as receitas foram pesquisadas na internet e ele acabou substituindo as farinhas. “Acredito que o de farinha láctea é exclusivo”, afirma.

Para saber mais:

Southbeer – (Diego Malheiros – 41-99822-9200)

Heritage  – (João Constantino – 41-99141 2110)

Bolo – (Fernando Tavares – 41- 99115-8418)

 

Análise de quem entende


Para o consultor financeiro Valter Police Junior, autor do livro “Meu planejamento Financeiro”, usar o FGTS para abrir um negócio próprio é bastante arriscado e para que isto dê certo é preciso tomar alguns cuidados. “É fundamental, além de elaborar um plano de negócios consistente, ter um plano alternativo, caso a empreitada não dê certo”, recomenda.

Police orienta ainda que o aspirante a empreendedor tenha afinidade com o negócio que vai abrir e mantenha recursos para emergências, para minimizar os riscos. “Essas ações costumam funcionar melhor quando se abre a empresa diante de uma oportunidade, e não somente porque se precisa de lucro”, analisa.

Outro cuidado que o consultor alerta é que o desempregado também precisa analisar friamente se realmente quer abrir um negócio ou se está empreendendo por falta de oportunidade de arrumar um emprego. “Às vezes, pode ser melhor esperar uma situação mais favorável para retornar ao mercado de trabalho, procurando comprometer o mínimo possível as reservas financeiras”

Caso a pessoa realmente opte pela via empreendedora, é preciso fazer a “lição de casa”, que consiste em definir um modelo de negócios consistente e avaliar, de forma conservadora, quais serão as necessidades financeiras para o negócio e para a própria vida pessoal.

Dicas

  • Elabore um plano de negócios
  • Tenha experiência anterior e afinidade com a área escolhida
  • Prefira o FGTS ao crédito na atual conjuntura de juros altos
  • Observe o negócio de perto ao invés de deixar a cargo de um terceiro Prefira o FGTS ao crédito na atual conjuntura de juros altos
  • Não use todos os recursos para a abertura, porque pode faltar para emergências de deixar a cargo de um terceiro
  • Não use todos os recursos para a abertura, porque pode faltar para emergências
  • Separe o que é da empresa do que é da família (a empresa pode estar mal e a família bem, e vice-versa)
  • Tenha uma reserva em caso de o negócio não vingar