Embrapa constata avanço da ferrugem

O Consórcio Antiferrugem, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, registra 383 ocorrências da ferrugem asiática da soja até agora. A doença segue avançando em praticamente todo o território brasileiro, mas ainda não foi identificada na safra 2005/2006 em Roraima e na Bahia. ?O número de focos está dentro da normalidade, mas este ano os produtores estão mais espertos na identificação e no encaminhamento aos centros de diagnósticos, o que tem contribuído para o aumento no número de relatos de ocorrências?, avalia Ademir Henning, pesquisador da Embrapa Soja, entidade integrante do Consórcio Antiferrugem.

O Brasil Central é a região onde o clima está favorecendo mais o avanço da doença. No Paraná, apesar de estar chovendo pouco, diariamente, há relatos de novos focos de ferrugem, principalmente nas lavouras em fase de formação de vagem. Os campeões na identificação da ferrugem são: Mato Grosso do Sul, com 141 ocorrências, Paraná, com 90, e São Paulo, com 74.

Monitoramento

Como a ferrugem pode aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da lavoura, a identificação no início do seu aparecimento garante o sucesso do controle químico. É por isso que o monitoramento deve ser feito desde a emergência da planta e intensificado próximo à floração, quando aumenta a probabilidade de incidência da doença.

?As vistorias devem ser ainda mais regulares quando existe a constatação de que a doença está presente na região. Uma das maneiras de se manter informado é acompanhando o Sistema de Alerta de safra, na página da Embrapa Soja na internet (www.cnpso.embrapa.br/alerta)?, orienta o pesquisador José Tadashi Yorinori, da Embrapa Soja.

Na rotina de inspeções às lavouras, atenção especial deve ser dada às áreas mais úmidas na propriedade e às primeiras semeaduras. As unidades de alerta, instaladas na região, também são importantes aliadas, uma vez que são pequenas áreas de soja semeadas antes da data de semeadura normal da região que funcionam como armadilhas ou iscas para o fungo.

O monitoramento se completa com o acompanhamento das condições climáticas. A ferrugem se desenvolve bem quando há chuva abundante ou formação de orvalho por cerca de 10 horas. Temperaturas inferiores a 15ºC ou superiores a 30ºC, associadas com condições secas, retardam o desenvolvimento da ferrugem.

?A decisão sobre o momento da aplicação (quando aparecem os sintomas iniciais ou preventivamente) deve ser técnica, levando em conta os fatores necessários para o aparecimento da ferrugem (presença do fungo na região, idade da planta e condição climática favorável), a logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), a presença de outras doenças e o custo do controle?, avalia Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja.

?Não existe uma regra fixa sobre o momento de aplicação uma vez que, em algumas regiões, onde há uma alta pressão de inóculo e condições climáticas favoráveis, o aparecimento tem sido observado no estádio vegetativo. Quanto mais cedo sua incidência, maior o número de aplicações necessárias. De forma oposta, em regiões com baixa pressão de inóculo e clima não tão favorável, sua incidência tem sido observada somente na formação de grãos, sendo seu controle feito conjuntamente com as doenças de final de ciclo?, explica a pesquisadora.

Custo

O custo direto (insumos e mão-de-obra) para produção da soja gira em torno de R$ 818,00 considerando a média de duas aplicações de fungicida contra a ferrugem. Para o diretor da Céleres, Anderson Galvão, ao manter a produtividade de 50 sacas por hectare, duas aplicações de fungicidas representam R$ 113,00 do custo direto de produção ou cerca de 14%; três aplicações equivalem a 19% do custo direto de produção e quatro aplicações a 24%. ?Por isso, o produtor deve tentar manter a média de duas aplicações com fungicidas, o que ainda pode resultar num lucro sobre as despesas diretas, caso contrário pode haver prejuízo?, calcula.

Voltar ao topo