Em troca do apoio, eleito em Campinas vai manter programas do PT

Campinas, 31 (AE)- O apoio do PT ao prefeito eleito de Campinas Hélio de Oliveira Santos (PDT) foi condicionado à manutenção de três projetos da atual administração petista. Por escrito, o PT exigiu que fossem mantidos o Paidéia (o programa de Saúde da Família), o Orçamento Participativo e implementado o Sistema Estruturado de Transporte aproveitando o leito ferroviário da cidade.

A mobilização do PT em torno da campanha de Santos foi considerada fundamental para a vitória do pedetista, tanto pelos candidatos eleitos quanto pelos adversários. Mas Santos garantiu que não houve “loteamento de cargos”. Nem ele nem o vice-prefeito eleito Guilherme de Campos Júnior quiseram falar sobre a composição do novo governo. “Ainda não discutimos isso”, disse Campos Júnior. Mas também não descartaram eventual participação do PT na próxima administração. “Não discutimos cargos políticos, o mais importante é discutir metas”, desconversou Santos.

A aliança entre PT e PDT no segundo turno teve caráter nacional. O pedetista já havia se comprometido publicamente, várias vezes, em apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como líder da bancada do PDT na Câmara de Deputados, ele poderá ainda articular votos favoráveis a projetos do governo federal enquanto não assume a função de prefeito. O candidato preferiu dizer que a primeira medida que adotará como prefeito eleito será voltar a Brasília e trabalhar, junto à bancada paulista, para aumentar a destinação de recursos a Campinas no Orçamento da União para 2005.

“A verba de R$ 117 milhões é pequena”, alegou Santos. Ele disse que espera do governo federal, que o apoiou, mais recursos para “trazer desenvolvimento a Campinas”. Santos atribuiu sua vitória a “representar de fato a luta contra a desigualdade social”. Segundo ele, os apoios no segundo turno, do PT e PCdoB, e a coligação entre PDT, PFL e PMDB promoveram o “equilíbrio e harmonia que Campinas precisa”.

A deputada Célia Leão (PSDB)creditou a vitória do adversário “a uma pequena parte da população que, equivocadamente, acreditou que a outra coligação era mais próxima do povo”. Para ela, o PSDB “perdeu para o PT federal”. Mas a deputada preferiu não usar a palavra derrota.

“Com esse resultado tão pequeno não se pode falar em derrota. O PSDB sai fortalecido dessa eleição”, argumentou Célia Leão. Ela afirmou que os tucanos irão fiscalizar o novo governo. “Espero que o PT cobre a conta pelo apoio”, provocou, lembrando que os campineiros não quiseram reeleger o partido, mas acabaram escolhendo o candidato apoiado pelos petistas, o que para o PSDB representou continuísmo.

A apuração em Campinas começou às 17h20. Por volta das 18 horas, uma fila se formou no Ginásio da Unicamp, onde ocorria a contagem dos votos, para entrega dos disquetes das urnas. No início da eleição, 12 delas tiveram que ser substituídas.

O advogado da coligação de Carlos Sampaio (PSDB), Flávio Pereira, entrou com uma representação na Justiça Eleitoral de Campinas, de manhã, pedindo cópia de uma fita de rádio sob a alegação de que a prefeita Izalene Tiene (PT) tinha pedido voto para Santos em entrevista para uma emissora local, no início da manhã. A assessoria do PDT disse desconhecer o fato.

Pereira alegou que se a gravação confirmar o pedido de voto, ele irá solicitar a cassação do diploma do prefeito eleito. “Não importa se há ou não conhecimento prévio do candidato”, afirmou. Ainda de manhã, quando foi votar, Santos recebeu um apoio inusitado. Uma mulher tirou o boné e a camiseta com o nome de Sampaio e, apenas de sutiã, abraçou o pedetista. “Estou trabalhando para outro, mas voto no senhor”, alegou a eleitora, que não quis se identificar.

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