Em Parnaguá, sindicalistas deixam reunião do CAP em sinal de protesto

Líderes sindicais do Porto de Paranaguá, que representam mais de 3 mil trabalhadores portuários avulsos, abandonaram a 18ª Reunião Extraordinária convocada pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP) nesta terça-feira (10). A ausência dos sindicalistas foi uma forma de protesto à negativa dada a eles para revisão da ata da reunião anterior e tempo maior para leitura do documento. Conforme disseram, o pedido feito ao presidente do Conselho, Hélio José da Silva, não foi atendido e a reunião iria transcorrer normalmente, não fosse a interrupção do bloco dos trabalhadores, que se retirou da sala de reuniões.

O bloco dos trabalhadores no CAP de Paranaguá define as condições laborais dos trabalhadores portuários, com reflexo na base da operação. ?Se temos um regimento (do CAP) em mãos e resoluções que só servem quando são convenientes, somos contra. Defendemos os trabalhadores e somos imparciais. Aquilo que é bom para o Porto e para os trabalhadores nós aprovamos. Presumo que existam no CAP de Paranaguá interesses maiores, que nós não compartilhamos. Como portuário, sinto-me na obrigação de reforçar esse voto de protesto e de não aceitar esse tipo de resolução?, disse o presidente do Sindicato dos Portuários, Wilson Morais.

O documento, de 46 páginas, que registrou a 157º Reunião Ordinária, trata de resoluções da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), referentes ao cotidiano do Porto de Paranaguá. A pressa em se aprovar a ata também foi alvo de questionamento por parte do diretor Empresarial da Appa, Ruy Zibetti. ?Os trabalhadores não puderam avaliar com a devida clareza o que estava sendo discutido naquele momento?, comentou.

?Trata-se de uma medida orquestrada por todo o CAP. Recebi a ata às 17 horas de segunda-feira (09) e foi impossível avaliar com tempo para hoje (10) de manhã. Representamos muitas pessoas que trabalham no porto e é preciso um equilíbrio. Uma situação como essa nunca aconteceu antes?, declarou Wilson Morais. Segundo ele, a reunião extraordinária foi uma surpresa. ?Fomos convidados na quinta-feira, véspera de feriado, às 16h27, para comparecer hoje. É preciso haver mais sensibilidade do presidente para convocação das reuniões, porque os votos são irreversíveis e podem trazer reflexos ao Porto de Paranaguá e a toda cidade?, frisou.

Respeito

Segundo os sindicalistas, foi pedido ao Conselho para que a ata da reunião anterior fosse posta à aprovação num encontro seguinte, ou seja, numa Reunião Ordinária e não naquele momento. ?A ata chegou às nossas mãos pouco tempo antes da reunião e não tivemos tempo hábil para ler. Não posso aprovar algo que não li. É como assinar um cheque em branco. A partir do momento em que houver o devido respeito dos demais conselheiros e com o bloco dos trabalhadores, aí retornaremos às nossas atividades?, comentou Morais.

O presidente do Sindicato do Arrumadores, Geremias Thomas de Souza, disse, na oportunidade que o bloco dos trabalhadores não está sendo respeitado. ?Não aprovamos a ata porque não tínhamos conhecimento do texto. Mesmo assim, colocaram o documento para votação e a ata foi aprovada como que por unanimidade numa reunião extraordinária. Hoje, passamos nossa indignação ao presidente e ele mandou desligar o microfone e em sinal de protesto nos retiramos da reunião. Não aceitamos essa situação de forma alguma. Pedimos respeito ao nosso bloco?, salientou Souza.

A falta de respeito ao bloco dos trabalhadores também foi destacada pela conselheira Maria do Socorro de Oliveira. ?Está havendo uma falta absoluta de respeito ao nosso bloco. Os documentos estão chegando e sendo votados sem o nosso conhecimento. Pedimos revisão de documentos e não é concedida e as votações estão sendo atropeladas. Estou há 14 anos no CAP e isso nunca aconteceu antes. Os blocos que representam o patrão não estão ouvindo os trabalhadores. Acredito que esta situação dá início a um processo sério e grave de privatização do Porto de Paranaguá?, concluiu.

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