Em 2007 Brasil terá déficit de 2% do PIB em setor público

Este ano o Brasil vai atingir o seu menor índice de déficit do setor público em muito tempo, de 2% do PIB, previu o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Fábio Giambiagi no seminário "Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2007", promovido pela Fundação Getúlio Vargas e realizado na Firjan. "Se o Brasil estivesse na Europa, poderíamos aderir ao euro", disse Giambiagi, se referindo ao fato de o País atingir um nível abaixo do exigido para sócios da União Européia. O déficit público foi em média de 6,7% do PIB entre 1995 e 1998, caiu para 4,4% entre 1999 e 2002 e daí para 3 6% entre 2003 e 2006.

Giambiagi também ressaltou a melhor composição da dívida mobiliária interna, com o aumento da participação dos títulos prefixados e indexados à inflação. Lembrou que os títulos indexados ao câmbio já foram parcela significativa do total e mostrou que as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), pós-fixadas, tiveram uma redução de participação de 63,9% em 2002 para 38% em janeiro deste ano. "Deveríamos chegar a 2010 sendo um país sem LFT", disse o economista. "O ideal é reduzir 10% por ano e fazer com que esse título morra de morte morrida e não ressuscite", afirmou.

Giambiagi centrou fogo no aumento de gastos primários do governo, que subiram de 20,39% do PIB em 2003 para 24,30% do PIB em 2006, quase 4% do PIB. "Na sociedade brasileira está profundamente enraizada a idéia de que sofremos um processo de arrocho. Eis o arrocho, o gasto público passou de 15% do PIB em 1991 para 24% do PIB agora", disse.

Giambiagi leu trechos que passou em transparências. "Há 20 anos que praticamos a ‘política do coitado’. Há um problema com alguém? Coitado! E tome gasto público na veia", foi um desses trechos. Ele acredita que "o Brasil precisa se assumir como um país capitalista".

Mais uma vez, Giambiagi destacou a necessidade de mudanças na previdência, como a decisão de fixar idades mínimas para aposentadoria no setor privado e de desvincular o salário mínimo da previdência. "Quem diz que isso vai jogar aposentados na sarjeta está usando de má-fé. Ninguém no debate defende abandonar os idosos", disse.

De acordo com Giambiagi, "a política previdenciária brasileira é um equívoco completo". No entanto, disse, "falta coragem das lideranças políticas de enfrentar o problema de frente". Ele usou um trabalho do economista Ricardo Paes de Barros, também do Ipea, que identifica que um aumento de 10% no salário mínimo teria um custo de cerca de R$ 3,3 bilhões, dos quais apenas R$ 100 milhões de fato ajudariam no combate a pobreza. Para Giambiagi, o Bolsa Família é uma forma mais eficiente de combater a pobreza.

Voltar ao topo