Eletrobrás barra nova tentativa de fraude com títulos vencidos

A Eletrobrás foi vítima de mais uma tentativa de retirada fraudulenta de recursos do caixa da empresa, agora no valor de R$ 32 milhões. Foi a oitava operação desde maio, por meio de ações com base em antigas obrigações da Eletrobrás – títulos emitidos até 1977 e que já estão ?caducos?, ou seja, são contratos vencidos que não podem mais ser resgatados. Segundo o presidente da estatal, Altino Ventura Filho, há claros sinais de que as oito tentativas foram realizadas pelo mesmo grupo. Isso fica evidente, segundo ele, porque os números dos títulos que servem de referência para as ações judiciais são os mesmos, assim como os advogados envolvidos.

A estratégia da ?quadrilha?, segundo Altino, é dar entrada em processos judiciais em cidades do interior de difícil acesso. A mais recente foi feita na quinta-feira em Glória de Goitás, no interior de Pernambuco.

Segundo o presidente da holding estatal de energia elétrica, até agora a Eletrobrás tem conseguido sustar todos os pagamentos, que atingiriam R$ 350 milhões se fossem bem-sucedidos. A Eletrobrás encaminhou à Polícia Federal a relação das pessoas envolvidas nas tentativas de golpes e pediu apoio da Advocacia Geral da União (AGU) para evitar eventuais perdas. Na avaliação de Altino, a tentativa de golpe fica caracterizada quando se analisa o processo e se verifica que todas as ações só dão entrada em comarcas do interior, quando as ações contra a Eletrobrás deveriam ser impetradas na Justiça Federal.

Altino agradeceu aos bancos que têm alertado a empresa quanto a esses pagamentos, mas ele teme que o débito possa acabar acontecendo, pois os gerentes das agências tendem a acatar decisões judiciais sob pena de prisão.

Investimentos – A Eletrobrás acredita que investirá em 2003 volume de recursos muito próximo ao total previsto este ano  que deverá totalizar R$ 4,1 bilhões, em atividades de geração e transmissão de energia elétrica. Os investimentos deste ano são maiores que os registrados até o ano passado porque o governo liberou obras emergenciais, devido ao racionamento de energia em 2001.

Segundo Ventura, as empresas do grupo – entre as quais as maiores geradoras estatais, como Chesf, Furnas e Eletronorte -, estão com vários projetos em andamento e em dezembro será inaugurada a primeira turbina do projeto de Tucuruí II. A expectativa é de que novas máquinas serão instaladas ao longo de 2003.

Além disso, Furnas está construindo uma linha de transmissão entre o Paraná e São Paulo que deverá duplicar a capacidade do sistema elétrico, facilitando o intercâmbio de energia entre as regiões Sul e Sudeste. ?São investimentos que não podem ser interrompidos?, comentou.

Ventura disse que ?não conhece? as propostas do Partido dos Trabalhadores (PT) para o setor, mas não crê que esses investimentos serão interrompidos. Ele também não quis se manifestar sobre a possibilidade de o sistema Eletrobrás pagar às distribuidoras de energia até R$ 2 bilhões por conta dos negócios realizados no ano passado no Mercado Atacadista de Energia (MAE). ?Não somos agentes do MAE?, disse Ventura, lembrando que os agentes são as empresas controladas pela holding, como Chesf e Furnas. Apesar de essas empresas serem integralmente controladas pela Eletrobrás, Ventura preferiu não emitir opinião sobre a liquidação prevista para o próximo dia 22 de novembro.

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