Venda de álcool combustível cresceu 75%

Os veículos com motores bicombustíveis – os chamados modelos ?flex? – caíram no gosto do brasileiro e já estão refletindo no aumento de vendas do álcool combustível. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregonese, o álcool representava, em média, 20% das vendas de um posto de combustível. Com a entrada dos carros flex no mercado, a participação aumentou para 35% – ou seja, incremento de 75%.

?A tendência é de crescimento. O álcool, que representava pouco na venda média de um estabelecimento, hoje é bastante significativo. Isso vai acabar refletindo até mesmo na estabilidade dos preços?, afirmou Fregonese. ?Até um ano atrás, o álcool era um produto não levado muito a sério, desprezado?, lembrou.

Ele próprio revela ser um simpatizante dos veículos flex. Dos 17 carros que compõem a frota atual do Sindicombustíveis-PR, há apenas um com motor bicombustível. Porém, na renovação de parte da frota, sete passarão a flex. ?Com álcool, o carro ganha potência; a oxigenação é mais requintada do que na gasolina. Também há economia não só de dinheiro, mas de manutenção?, acredita.

Outra questão importante, lembrou, é o nível de adulteração ser bem menor no caso do álcool combustível. ?A cada cem casos de adulteração, 80 são de gasolina e apenas 20 de álcool?, afirmou Fregonese. Enquanto na gasolina a adulteração se dá através da adição excessiva de álcool – acima dos 20% permitidos -, no álcool, a adulteração mais comum é a maior hidratação – ou seja, água em excesso. ?Apesar de ser uma fraude mais grosseira, é mais fácil de ser identificada?, comentou. Caso o consumidor tenha dúvidas sobre a qualidade do álcool combustível, ele pode solicitar a realização de um teste com densímetro.

Preços

Em relação aos preços e a vantagem em encher o tanque com álcool ou gasolina, Fregonese acredita que a proporção de 70% – ou seja, um motor à álcool renderia, em tese, 70% do que um à gasolina, bastando então multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7 para ver qual compensa mais -não reflete a realidade. ?É uma conta totalmente furada. Faziam esta proporção quando existia carro só a álcool e só a gasolina. Acontece que houve uma melhoria significativa ao longo do tempo, e hoje estes números estão ultrapassados?, afirmou.

Segundo ele, para verificar se compensa abastecer com um ou com outro, o ideal é que cada motorista faça as próprias contas. Ou seja, é preciso encher o tanque com gasolina e verificar quantos quilômetros um litro faz e adotar o mesmo procedimento com o álcool.

Em Curitiba, o preço médio do álcool combustível na semana passada, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), era R$ 1,506, enquanto o da gasolina R$ 2,545. A diferença, porém, é que o preço da gasolina nas bombas de Curitiba vem caindo, enquanto o do álcool se mantém, apesar do período de safra da cana-de-açúcar. Há um ano, o litro do álcool era encontrado por até R$ 1,09 nos postos da capital paranaense.

?Aquele preço nunca mais vai se repetir?, acredita Fregonese. O motivo é o aumento das exportações de álcool. ?Historicamente, o Brasil exportava 300 milhões de litros de álcool. No ano passado, o volume foi de 1,8 bilhão de litros e a previsão para este ano é de 2,7 bilhões?, lembrou. O risco, segundo Fregonese, é a falta de estoque regulador no País. ?Se o governo não tomar cuidado, se não houver regras, vai ocorrer o mesmo problema do ano passado?, afirmou, referindo-se ao período em que o litro do álcool ficou acima de R$ 2,00 em Curitiba. 

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