Vázquez não avança em acordo com os EUA

Buenos Aires (AE) – O Uruguai e os Estados Unidos concordaram em dar continuidade às negociações para ampliar os acordos comerciais e de investimentos, segundo informou o presidente uruguaio Tabaré Vázquez, após reunião com o presidente norte-americano, George W. Bush, em Washington. O encontro ocorreu na tarde de ontem, praticamente ao mesmo tempo em que o chanceler argentino, Jorge Taiana, confirmava a apresentação da demanda contra o Uruguai junto ao tribunal internacional de Haia, por causa da instalação de duas fábricas de celulose na fronteira.

Vázquez se reuniu com Bush na Casa Branca em meio às expectativas de que houvesse algum tipo de anúncio sobre o plano do governo uruguaio de avançar em direção a um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Vázquez chegou a dizer, há dois dias, que seu país consideraria abandonar o Mercosul como sócio pleno caso lhe fosse proibido fechar acordos comerciais com outros países fora do bloco.

?Acertamos trabalhar fortemente para ampliar, aumentar, intensificar o intercâmbio comercial entre nossos países?, disse Vázquez em entrevista coletiva à imprensa junto com Bush. Logo, o presidente esclareceu aos jornalistas uruguaios que o acompanham em sua viagem que o Uruguai não solicitou a negociação de um tratado de livre comércio com os EUA, mas destacou que continuará buscando a abertura de outros mercados fora do Mercosul.

?Ressaltamos que o Uruguai integra um processo na região da qual é sócio pleno, dissemos aos Estados Unidos que não renunciamos a trabalhar no Mercosul, mas também dissemos que o Uruguai vai defender seu direito de levar adiante intercâmbios bilaterais com outros países ou regiões?, afirmou Vázquez, segundo sites argentinos.

Ação

O ministro de Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, anunciou ontem em Puerto Iguazú, a abertura de um processo contra o Uruguai na Corte Internacional de Justiça de Haia por conta da construção das duas indústrias de produção de celulose sobre o Rio Uruguai, na chamada ?guerra das papeleiras?. Taiana disse que a construção das indústrias viola o Estatuto do Rio Uruguai, a legislação que regulamenta o manejo deste rio desde 1975, e que, por isso, o governo argentino quer a suspensão imediata da construção das indústrias.

?A Argentina está plenamente convencida dos direitos que lhe cabem nessa controvérsia e continuará ampliando todos os esforços para assegurar a proteção do meio ambiente?, declarou o ministro.

Ao classificar a ação do governo uruguaio de ?unilateral e ilícita?, por conta da autorização para a instalação das indústrias, o ministro argentino concluiu que foram frustrados ?os esforços promovidos em todos os níveis para alcançar uma solução bilateral?, o que motivou o ingresso da ação em Haia, conforme prevê o Estatuto do Rio Uruguai. A produção das indústrias é estimada em 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, dentro de um complexo industrial considerado pelo governo argentino ?um dos maiores do mundo?.

Ao ser indagado se a ação argentina não poderia comprometer as relações entre os países no âmbito do Mercosul, Taiana fez somente um gesto negativo com a cabeça, mas sem fazer nenhuma manifestação oral, finalizando abruptamente a entrevista coletiva.

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