Varig pode ser estatizada para ser vendida

O ministro da Defesa, José Alencar, admitiu que o governo já trabalha com a possibilidade de estatizar a Varig para revendê-la "simultaneamente" em um leilão. "A estatização imediata pode ser uma conseqüência da transformação de crédito em capital. A intenção é fazer isso simultaneamente à venda em hasta (leilão) pública", disse Alencar.

Alencar esteve reunido ontem com a diretoria da Varig, representantes da Fundação Rubem Berta – atual controladora da Varig – e do Unibanco e da consultoria Trevisan.

Como a maior parte da dívida da Varig é com o governo – Infraero, BR Distribuidora, entre outros -, a empresa se tornaria temporariamente estatal até que o novo controlador assumisse o controle por meio de leilão. Pela proposta, o governo transformaria as dívidas a receber em participação acionária na empresa.

O processo de reestruturação da empresa e aumento de capital deverá ser analisado ao longo dos próximos meses, e os credores da empresa serão chamados para discutir a proposta.

Além da transformação de crédito em capital, Alencar disse que será possível o alongamento do prazo da dívida da empresa.

Vasp

O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, disse que a saída para os passageiros que compraram passagens da Vasp é procurar a Justiça. Anteontem à noite o DAC (Departamento de Aviação Civil) cassou as oito linhas comerciais que a empresa ainda operava. Desde ontem a empresa está proibida de operar vôos regulares até provar que normalizou sua situação.

O DAC havia orientado os passageiros a procurar a companhia para receber o dinheiro de volta. Mas o ministro foi mais incisivo e também descartou a responsabilidade do governo na crise. "As pessoas têm que entrar na Justiça. O governo não tem nada com isso. Quem ficou prejudicado só tem um caminho, e a lei de proteção ao consumidor já mostra o que fazer", disse.

Ele descartou a hipótese de endosso dos bilhetes pelas empresas concorrentes.

"Elas não endossam porque não vão receber. Elas tiraram a Vasp da Câmara de Compensação em outubro porque ela não estava pagando, o próprio setor já excluiu a Vasp", afirmou. A câmara faz um acerto mensal entre as contas das companhias que transportam passageiros com bilhetes da concorrente.

Mares Guia elogiou a atitude do DAC e minimizou o impacto da decisão sobre o mercado de aviação. "Estas rotas representam menos de 1%, é muito pouco, absorver estes vôos é um estalar de dedos", disse.

Para o ministro, a empresa não tinha mais condições de atender os passageiros e dar continuidade aos vôos regulares. "Ela está perdendo porque não está cumprindo os compromissos, quem é perdedor tem que sair do jogo", afirmou.

Mares Guia citou a hipótese de a Vasp solicitar licença para operar vôos fretados. Ele afirmou que a sugestão do ministro da Defesa, José Alencar, é oportuna.

"A aviação não regular tem um mercado extraordinário nascendo no Brasil. Na Europa ela chega a representar 40% dos vôos, no Brasil não passa de 7%, dos 36,6 milhões de desembarques domésticos apenas 2,4 milhões são de vôos charter", disse.

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