Valorização do real prejudica exportações

O comércio exterior paranaense continua em forte ritmo de expansão, mas a valorização do real ainda é um entrave para o faturamento das empresas exportadoras, informa o Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em relatório divulgado ontem.

As empresas paranaenses exportaram um volume total de US$ 7,646 bilhões no primeiro semestre deste ano, valor 35,03% superior ao mesmo período do ano passado.

Analisando os últimos cinco anos do desempenho do comércio exterior do Estado, a soma exportada no primeiro semestre de 2008 supera todos os semestres dos anos passados e é maior do que o volume de exportações de todos os anos até 2003.

As vendas para o exterior em junho, entretanto, caíram 20,51% em relação a maio quando o Estado atingiu seu recorde histórico no volume financeiro do comércio exterior , registrando um saldo total de US$ 1,487 bilhões.

Na conversão para o real, considerado o câmbio médio mensal divulgado pelo Banco Central, as exportações atingiram R$ 12,922 bilhões no primeiro semestre do ano, o que equivale a um aumento de 12,21% em relação ao mesmo período do ano passado.

Na conversão das exportações na proporção destinada à Comunidade Européia, equivalente a um terço do valor total exportado, a receita em reais se expandiu em 18,35%.

?A valorização do real frente às moedas de circulação internacional continua impactando negativamente o resultado do faturamento derivado das exportações?, avalia o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt.

A boa safra agrícola paranaense aliada à alta do preço dos alimentos no mercado internacional alavancou o desempenho do grupo de produtos líder em exportações do Estado, o complexo soja, cujas vendas cresceram 94,81% neste semestre em relação ao mesmo período de 2007.

A alta das commodities também se refletiu no desempenho do grupo de cereais, que registrou o maior acréscimo em vendas na comparação entre os semestres, crescendo 113,21%, dado o aumento da quantidade produzida e dos preços internacionais da cevada e milho para semeadura.

Importações

As importações também continuam em alta, favorecidas pelo câmbio. O volume de compras no primeiro semestre de 2008 foi 82,23% superior ao do primeiro semestre do ano passado, alcançando a marca de US$ 6,599 bilhões nos seis primeiros meses do ano.

Na conversão para reais, a marca foi de R$ 11,133 bilhões, 50,69% de crescimento em relação ao primeiro semestre de 2007. O saldo da balança nos seis primeiros meses do ano foi superavitário em US$ 1,047 bilhão.

O grupo de produtos químicos passou a ocupar a primeira posição em importações paranaenses no período de janeiro a junho deste ano. ?São na maior parte adubos, fertilizantes e outros produtos destinados à agricultura?, diz Schmitt.

Na comparação entre 2007 e 2008, entretanto, o complexo soja foi o grupo que apresentou maior crescimento nas importações, aumentando sua comercialização em 405,73%. Os óleos de soja são responsáveis por 40% do volume de importações desse grupo.

Na avaliação do Departamento Econômico da Fiep, a disparidade entre as vendas elevadas de soja in natura e da compra igualmente elevada de óleo de soja é decorrência da desoneração das exportações de produtos sem beneficiamento: ?Para o produtor, esta situação torna mais rentável exportar o grão do que agregar valor ao produto, quando o ideal para o Estado e para o País seria beneficiar o produto e exportar a produção industrializada, gerando emprego e mais divisas?, afirma Schmitt.

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