Inflação

Trajetória do preço do leite segue tendência de alta em junho

O leite está caro e sofrerá novos reajustes em junho em todo o território nacional. Isso porque os valores pagos aos produtores continuam pressionados, e a projeção para maio mostra um aumento médio de R$ 0,03 por litro, em função da entressafra da produção leiteira nacional e a alta do milho e da soja usados na alimentação do gado.

A entressafra, porém, não faz sentido na região Sul, devido às pastagens de inverno, mas acaba impactando de igual forma, uma vez que o leite produzido no Paraná, responsável por mais de 10% da produção brasileira, é do tipo longa vida.

Isso permite com que a produção paranaense possa ser vendida para todo o país, importando para os consumidores daqui a queda acentuada na captação de matéria-prima sofrida pela indústria.

O índice Cepea de captação, que mede a produção leiteira do Brasil, já apresenta uma queda acumulada de 11,2% para os três primeiros meses do ano. O índice de abril ainda não foi divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), mas os especialistas do Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Estado do Paraná (Conseleite) dizem que o índice continuará em queda livre.

“A demanda por leite aumentou muito com o fortalecimento do poder aquisitivo das classes emergentes. Tanto que entre 2007 e 2010, o consumo do longa vida no Nordeste cresceu 57%. No país, nos últimos 30 anos, o consumo per capita aumentou 60%.

Isso deixou a matéria-prima mais cara, até porque, quem estabelece o preço em períodos assim é a indústria que vai ofertando novos valores aos produtores para garantir seu abastecimento”, aponta a engenheira agrônoma do Departamento Técnico Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e secretária do Conseleite, Sílvia Digiovani.

Para o Paraná, a projeção do Conseleite do preço médio do litro pago ao produtor passou de R$ 0,82, em abril, para R$ 0,85 (na categoria acima do padrão) e foi de R$ 0,71 para R$ 0,74 (na classe padrão). Mesmo o terceiro tipo na classificação do leite foi de R$ 0,65 para R$ 0,67 entre abril e maio. Isso deverá ser repassado em junho pela indústria, chegando à rede varejista.

A disputa por matéria-prima, com o aumento da participação do Nordeste no consumo durante os últimos quatro anos, mostra um reflexo direto no preço do leite pago em Curitiba. De acordo com a série histórica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos do Paraná (Dieese-PR), em abril de 2007, o litro do leite custava, em média, R$ 1,17 na capital paranaense.

Um ano depois, o valor já estava em R$ 1,55. Em 2009, R$ 1,67. No ano passado, abril chegou a R$ 1,99 e, abril deste ano, apresentou um preço médio de R$ 2,40. “Desde 2007 o leite não parou mais de subir em Curitiba”, reconhece o economista do Dieese-PR, Sandro Silva. Segundo o departamento, um adulto consome 7,5 litros de leite no mês.