Trabuco considera positiva parceria em infraestrutura

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, disse na manhã desta quarta-feira que o movimento do governo para buscar novos parceiros para financiar projetos de infraestrutura no País é positivo no sentido de criar um modelo de crédito de longo prazo. Ele explicou que os investimentos em infraestrutura precisam compatibilizar prazo, taxa e a viabilidade do projeto.

“O risco de crédito é absolutamente possível de ser absorvido pelos bancos de um modo geral, mas quando se fala em financiar infraestrutura está mitigando o ‘funding’ porque as captações tradicionais não têm um ‘duration’ tão de longuíssimo prazo”, explicou. “A direção é correta: encontrar fórmulas para através de um fundo ou do BNDES, os bancos privados e estatais tenham acesso a este funding”, afirmou ao chegar ao Palácio do Planalto para participar da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Trabuco disse que conhece a proposta do governo apenas pelas notícias, mas reiterou que a direção é positiva. “O Brasil tem perspectiva de grandes investimentos e nós temos um bônus de infraestrutura que são milhares de projetos com taxas de retorno muito adequadas num mundo que está em busca de retorno”, argumentou.

Ele lembrou que está sobrando liquidez nas maiores economias, onde as taxas de juros estão ao redor de zero e os fundos institucionais estão em busca de investimento. “Se nós pudermos consorciar os fundos com recursos vindos do Estado junto com os recursos livres dos bancos e, principalmente, dos institucionais do mundo, a gente entra num ciclo de investimento muito forte”, previu.

O presidente do Bradesco disse que também não conhece a proposta do governo de liberar recursos dos depósitos compulsórios para financiar os projetos. “Acho que esse é um assunto ainda em estudo”, disse. Mas admitiu que, por meio de direcionamento do governo, se pode criar uma carteira de crédito adequada às políticas governamentais.

A equipe econômica tem trabalhado para atrair investidores para um gigantesco plano de R$ 235 bilhões em concessões na área de infraestrutura nos próximos anos. Para isso, está criando uma estrutura de financiamento mais favorável a essas concessões. Depois de capitalizar os bancos públicos para deslanchar os investimentos no País, o Tesouro Nacional deve bancar os recursos para os bancos privados financiarem os grandes projetos de infraestrutura, como as concessões de rodovias e ferrovias para a iniciativa privada. O dinheiro deverá ser transferido para um fundo de infraestrutura.