Trabalho nas usinas de cana é debatido em Curitiba

Pela primeira vez, Superintendência do Trabalho e Emprego no Paraná, empresas e trabalhadores do segmento sucroalcooleiro se reuniram na Câmara Técnica do Setor, criada para melhorar o diálogo entre as partes.

Durante a reunião, realizada ontem em Curitiba, foram discutidos os problemas trabalhistas enfrentados pela categoria.

?O objetivo desta câmara é abrir o debate e procurar as soluções para o setor?, afirma o superintendente do Emprego e Trabalho no Paraná, João Graça. Estima-se que haja 80 mil trabalhadores no setor sucroalcooeiro no Paraná.

Os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores, informa o superintendente, são falta de pagamento ou registro em carteira, de equipamento de segurança individual, de estrutura com condições de higiene (refeitórios, alojamentos e banheiros). Além disso, existem os atrasos nos salários, jornadas excessivas, não recolhimento dos encargos sociais e previdenciários.

Graça lembra que a Câmara Técnica ainda terá que discutir o processo de mecanização do segmento. ?Uma máquina substitui cem pessoas?, revela. No encontro, também foram convocados os auditores fiscais, pois a demanda por fiscalização tem sido grande. ?No Norte Pioneiro, por exemplo, foram 70 autuações fiscais por descumprimento à legislação trabalhista somente na semana retrasada?, conta Graça.

O superintendente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias, explica que as condições de trabalho possuem grande qualidade no Estado.

?Não quer dizer que 100% dos empregadores estão certos, mas o setor está à frente de muitos outros no Paraná. Até porque hoje a maioria dos empregadores são as próprias indústrias?, assegura.

Dias comenta que o setor sucroalcooleiro vai crescer 16% em 2008, mas o número de empregos não reflete esse aumento. ?Já faltam cortadores de cana e a mecanização está entrando para suprir. A capacidade de empregos seria de 120 mil, mas hoje são 80 mil trabalhadores. Não há muita mão-de-obra sem qualificação disponível no mercado?, relata.

O secretário coordenador da Coordenação Federativa dos Trabalhadores do Estado do Paraná, Ernane Garcia Ferreira, fala que muitas empresas aproveitam para importar mão-de-obra de outros estados.

?Além disso, existem regiões inteiras dependentes exclusivamente desta monocultura. E se a empresa achar que não é mais interessante investir nisso? Precisamos também discutir como ficam as partes sociais e ambientais no futuro?, acredita.

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