Tombini: repasse da variação do dólar à inflação é de 5%

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, repetiu hoje a avaliação de que o efeito das variações do dólar na inflação brasileira é cada vez menor. “Vimos que o repasse do câmbio para a inflação diminuiu ao longo do tempo”. Cálculos do BC mostram que a inflação sente, em um prazo de 12 meses, cerca de 5% da variação do câmbio. Ou seja, se o dólar subir 10%, a inflação avança 0,5 ponto em 12 meses.

Tombini usou como argumento o efeito do aumento do dólar na crise de 2008 e 2009 na inflação brasileira. Ele disse que mesmo com redução na época do juro básico da economia em 5 pontos porcentuais, estímulos fiscais e valorização do dólar, a inflação permaneceu dentro da meta naqueles dois anos.

Ao ser questionado sobre os impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, Tombini lembrou que a ata da reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom) previa que o Brasil sentiria cerca de um quarto do efeito visto na crise de 2008/2009. O efeito, porém, poderá ser alterado. “Se ocorrer um novo evento, será preciso reavaliar os impactos”, disse.

Ainda assim, o presidente do BC previu que a inflação em 2011 não vai superar o teto da meta, como vêm projetando analistas do mercado financeiro. Tombini fala em um recuo de 1 ponto porcentual da inflação acumulada em 12 meses até o final do ano.

Sobre a possibilidade de estouro do teto da meta, hoje em 6,5%, Tombini afirmou: “A inflação está hoje na faixa de 7,30%. O teto da meta é 6,50% e nós entendemos que será possível passar por baixo do teto da meta. A inflação estará ao redor desse nível ao final do ano, um recuo de quase um ponto porcentual do número que ela está hoje em 12 meses”, disse.

O presidente do BC disse que o comportamento da inflação mudou. “Nos últimos cinco meses, a inflação média ficou em torno de 0,34% ao mês. Anualizada, essa inflação é em torno de 4,11%. Na meta. O padrão da inflação já mudou”, disse em audiência pública no Senado. Um dos motivos para a mudança de patamar da inflação é o efeito atrasado do aperto monetário decidido no primeiro semestre do ano que, mesmo com o corte do juro em agosto, ainda tem efeito líquido positivo, de alta, de 1,25 ponto porcentual.

Além disso, relatou Tombini, há o efeito da crise internacional e as previsões de menor crescimento da economia global. Outro aspecto são os preços das commodities que passam a ter papel cada vez mais benigno na inflação. “Estamos de olho na inflação, que vai recuar a partir de outubro. Os números já mostram sinais de compatibilidade com o centro da meta. Estamos numa boa trajetória”, disse.