Os brasileiros estão cada vez mais interessados na compra de títulos públicos pela internet. Desde que foi criado, em janeiro de 2002, o programa Tesouro Direto já vendeu R$ 306 milhões em papéis públicos para 19.943 investidores cadastrados na rede. O perfil dos compradores também vem apresentando uma diversificação inimaginável até pouco tempo, incluindo governantas, estivadores, aposentados, músicos e médicos.
Segundo o coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, a grande vantagem que os investidores encontram no programa são as taxas de administração mais baixas. Embora os títulos do Tesouro Direto sejam os mesmos usados pelos fundos de investimento para compor suas carteiras e remunerar os cotistas, a taxa de administração cobrada dos clientes fica entre 0,5% ao ano e 4,5% ao ano. Pelo Tesouro Direto, a taxa média fica entre 0,5% e 1%.
Levantamento do Tesouro mostra que a maioria dos investidores do Tesouro Direto é de homens (86%) com idade média de 37 anos. Já a idade média das mulheres é de 39 anos. O investidor mais velho do programa tem 95 anos. O valor médio das operações é de R$ 6 mil.
? O aumento e a variedade do número de investidores mostram que o programa está tendo sucesso ? diz Valle.
Quando começou, o Tesouro Direto contava com 2.390 investidores, que compraram R$ 4,6 milhões em títulos públicos.
O consultor da área financeira Marcos Hecht, de 49 anos, compra títulos públicos desde o início do programa. Ele afirma que não encontrou dificuldades em fazer a compra pela internet e que tem conseguido ganhar mais com seus investimentos:
? Com o Tesouro Direto eu estou comprando títulos diretamente do emissor e não tenho que passar por bancos para fazer meus investimentos. Para que ter mais um elo da cadeia se eu posso fazer a negociação diretamente?
Hecht conta que inicialmente fez pequenos investimentos, mas recentemente aplicou R$ 300 mil em Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em janeiro de 2004.
O governo vem tomando cuidados para que os investidores não encontrem dificuldades na hora de comprar os papéis. Para comprar os títulos pela internet, o investidor pode entrar na página do Tesouro Direto (www.tesourodireto.gov.br), cadastrar uma senha em uma das instituições financeiras autorizadas e listadas pelo governo e aplicar. Recentemente, o Tesouro também criou links nas páginas de instituições cadastradas, como o Banco do Brasil (BB), para que os investidores possam fazer a compra sem ter que buscar o site do Tesouro. No BB, a compra pode inclusive ser feita com débito em conta corrente.
Do total de papéis vendidos até novembro pelo Tesouro Direto, 38,64% são Notas do Tesouro Nacional – série C (NTN-C), títulos corrigidos pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). Em segundo lugar, com 34,04% das vendas, estão as Letras do Tesouro Nacional (LTN), papéis com rentabilidade prefixada. Em terceiro, com 23,10% das vendas, vêm as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), com remuneração pós-fixada.
De acordo com analistas, o ideal é manter o papel até o seu vencimento. No entanto, se o investidor precisar do dinheiro antes, é possível vender de volta ao governo seus papéis, com pequeno desconto.