Tarso projeta juro de um dígito, mas no final de 2004

O governo federal projeta taxa de juros real de 8,24% no final de 2004. “O Plano Plurianual apresenta essa presunção, que é um patamar excelente para a retomada do crescimento real”, disse ontem o secretário nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro. Ele esteve em Curitiba, participando do I Encontro de Presidentes de Empresas do Paraná, promovido pelo Instituto Paraná de Desenvolvimento (IPD). “O governo está reformando o Estado brasileiro para libertar o País da necessidade de capital a longo prazo. Os juros não podem cair de maneira artificial, mas sustentada, para os empresários terem previsibilidade no seu trabalho”, defendeu.

Na avaliação de Tarso, a questão dos juros – a principal reclamação dos empresários brasileiros – se resolve com “variáveis técnicas e condicionantes políticos”. Ele não arrisca uma projeção para a Selic nesse ano, mas acredita que as ações anunciadas pelo governo Lula terão efeitos “visíveis e fortes” no crescimento econômico do País em 2003. Para o ministro, as críticas recebidas pelo governo são “absolutamente normais, previsíveis e necessárias”. “O governo não pode ser considerado passivo. Em cinco meses de gestão, recuperou o financiamento das exportações, fez o maior financiamento da safra (com aumento real de 12% em relação à safra passada), recuperou a credibilidade política internacional, reduziu o dólar a patamares satisfatórios, está lançando o maior plano de micro-crédito e cooperativismo e mandou as reformas estruturais para o Congresso”, citou. “O governo que fez isso não pode ignorar críticas, mas tem o direito de pedir paciência.”

Tarso ressaltou que a convicção estrutural sobre o caráter das reformas não será alterado, porém reconheceu a necessidade de negociar para corrigir defasagens. “Se a carga tributária aumentar com a reforma, o governo se prontificou a enviar as retificações necessárias”, citou. “Estamos construindo um modelo de desenvolvimento. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social é um marco normativo referência na política internacional.”

Prioridades

“A grande mudança que está acontecendo no Brasil é de processos. O presidente Lula tem provado que é um bom ouvinte”, avalia o presidente do IPD, Rodrigo da Rocha Loures, fundador da Nutrimental e integrante do Conselho de Desenvolvimento. Na sexta-feira, será entregue ao secretário geral da Presidência da República, Luiz Dulci, a Carta do Paraná. O documento foi elaborado ao final do encontro de ontem com sugestões dos empresários para o Plano Plurianual. Entre as prioridades, estão: melhorar a produtividade do setor público, encontrar formas de desenvolvimento sustentado não utilizando apenas a Selic como controlador da inflação, e desburocratizar o acesso ao crédito.

Requião defende mais empregos

Durante o encontro com os empresários o governador Roberto Requião explicou que a situação do Paraná é uma das mais difíceis entre os estados brasileiros. “Temos um baixo Índice de Desenvolvimento Humano em nossos municípios e perdemos muitos empregos com carteira assinada”, afirmou. Para Requião, esse é um dos reflexos da industrialização que aconteceu nos últimos anos. “As empresas multinacionais serão sempre bem-vindas, mas nenhuma empresa estrangeira deve ter um benefício que não seja dado igualmente às empresas nacionais, às empresas paranaenses.”

Para reverter o quadro de dificuldades que o Paraná e o país estão enfrentando, o governador defendeu a geração de empregos e a parceria com os empresários como forma de alavancar o desenvolvimento não só do Paraná, mas do país. O governador disse que as mudanças não devem ser bruscas para que não haja desorganização mas que, no Paraná, a mudança já começou. “Ainda na crise nós viabilizamos uma série de medidas que fazem com que o Paraná seja um dos únicos estados brasileiros a não perder arrecadação. Tivemos um crescimento pequeno, mas tivemos”, comentou. “E começando pela exoneração do pagamento de imposto às microempresas reduzimos o imposto pago pelas pequenas, o que faz com que os empresários invistam e gerem empregos”, completou.

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