Suinocultura em crise no Paraná

A suinocultura no Paraná vem enfrentando uma forte crise sem precedentes. O motivo dessa dificuldade é o caos financeiro mundial, que prejudicou bastante as exportações brasileiras e jogou o preço da carne suína para baixo, fazendo com que os suinocultores estejam, segundo suas alegações, pagando para trabalhar.

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), o preço do quilo da carne suína caiu 22% do período de fevereiro de 2008 e fevereiro de 2009. De dezembro do ano passado a fevereiro desse ano, a queda foi de aproximadamente 30%.

“No final de 2008, o quilo era vendido a R$ 2,37. Dois meses depois, o preço foi para R$ 1,66. A situação, de fato, está bem difícil”, avalia a médica veterinária e técnica de conjuntura da suinocultura do Deral, Ana Paula Brenner Busch. Ela diz também que esse problema já fez com que o Paraná caísse uma posição na exportação de carne suína. “Ainda estamos na terceira colocação no número de rebanhos suínos, abate e produção da carne. Contudo, o Estado de Goiás nos ultrapassou na exportação, e agora ocupamos a quarta colocação”, informa.

De acordo com o produtor e presidente da Associação Regional de Suinocultores do Sudoeste do Paraná, Jacir José Dariva, em mais de 40 anos na profissão, ele revela nunca ter enfrentado um problema como esse. “Minha família está na suinocultura há anos. Mal a gente tinha saído do problema com a febre aftosa, veio esse outro baque. A situação para quem vive exclusivamente dessa produção está péssima. Muita gente teve que desistir desse mercado porque os custos de produção são maiores que o preço de venda”, lamenta.

Dariva conta que os principais atingidos por essa crise são os pequenos e médios produtores. Ele conta que eles deixaram de lado outras fontes de renda para viver exclusivamente da suinocultura. “Os produtores que mantiveram uma plantação de milho, feijão ou outro produto, está em uma situação ligeiramente melhor. O problema é que muitos suinocultores, por causa da exigência do mercado, investiram seu capital e esforço nessa área e estão passando por grandes dificuldades. Para efeitos de comparação, é como se a suinocultura hoje estivesse em uma UTI esperando para morrer”, afirma.

A solução apontada pelo presidente da associação é de que o governo federal crie mecanismos para poder salvaguardar os produtores. “Seria bom para a gente que fosse criado o preço mínimo ou preço de referência para a carne suína. O governo, assim, poderia comprar o excedente de produção e poderia colocar esse alimento na merenda escolar, cestas básicas e outras instituições auxiliadas pelo governo”, diz.

Eles buscam ainda a liberação imediata da retenção das matrizes (linha de crédito para manter matriz de produção) e também que busque outros mercados consumidores, já que a Rússia, a principal importadora, também sofre os efeitos da crise. “Se não fizerem algo rápido, temo pelo futuro das 300 mil pessoas que trabalham direta ou indiretamente com a suinocultura”, finaliza.

Associação quer acabar com histórico ruim

Mostrar a qualidade e os benefícios de se consumir carne suína é o novo trabalho desenvolvido pela Associação Paranaense de Suinocultores (APS). Intitulado de “Novo olhar da carne suína”, o projeto prevê novos cortes, porções menores e acabar de vez com todo o histórico ruim que há por trás do produto. A instituição, que existe há 30 anos, tem como objetivo proteger os suinocultores e também mostrar a qualidade dos produtos de seus associados.

De acordo com o vice-presidente de, organização da APS, Luís Besewiski, a iniciativa serve para mostrar aos consumidores que a carne suína de boa procedência é saudável para as pessoas. “Estamos fazendo um trabalho de conscientização da população. Nos últimos anos, a carne de origem suína diminuiu seu percentual de gordura e tornou-se mais saudável. Ela é uma ótima fonte de proteína e ajuda, principalmente, no equilíbrio de potássio no corpo humano. Vamos com força total para deixar sua imagem negativa no passado”, enfatiza.

Apesar de estar confiante quanto ao sucesso do projeto, Besewiski demonstra preocupação com a suinocultura no Paraná. Para ele, tanto o governo federal quanto o estadual devem agir logo para que os produtores não sejam obrigados a encerrar as atividades.

“Com essa crise toda, trabalhar com essa área está extremamente onerosa. O preço está muito baixo para os pequenos e médios produtores, que não tem como negociar e competir com os grandes suinocultores. Ainda acho que os governos federal e estadual ainda não estão dando o devido apoio que os produtores merecem”, avalia.

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