Suinocultura contesta exigências da UE

A conquista e manutenção de mercados consumidores da carne suína, a mais consumida no mundo, está cada vez mais atrelada ao bem-estar animal. O tema concentra parte da atenção dos criadores de suínos no Brasil e no estado, tanto que o assunto permeou várias atividades da PorkExpo 2010 e V Fórum Internacional de Suinocultura que encerra hoje, em Curitiba, com o tema “O consumo e marketing da carne suína e os desafios e as oportunidades da produção mundial”.

Um dos pontos mais comentados foram as novas exigências da União Europeia (UE) para a compra de carne, que deverão entrar em vigor no dia 1.º de janeiro de 2013. O bloco parte do princípio que os animais são seres sensíveis e, portanto, devem ser poupados de sofrimento inútil em três áreas: criação, transporte e abate.

É quase unanimidade entre os suinocultores que parte das regras precisam ser revistas na esfera das organizações de comércio mundial, visto que acarretarão em custos de produção acima do preço praticado atualmente. “Ainda vamos aguardar a posse dos novos governantes para reunirmos meios de negociar tais exigências”, explica o diretor executivo da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser.

“As transformações continuamente realizada em nossos plantéis visando o bem-estar animal, por enquanto, seguem um viés estritamente econômico, pois só começaremos a seguir as novas exigências da UE, quando, pelo menos os produtores de lá iniciarem a implementação das novas determinações”, pondera o diretor de mercado interno da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Jurandi Soares Machado.

“Na Alemanha, o suinocultor trabalha dentro de uma margem de US$ 5 por quilo, aqui, nosso patamar é de US$ 1,8 por quilo, sendo que custo de produção corresponde a quase 80% do preço. Para realizarmos as modificações previstas pela UE, teremos que subir muito o preço”, conta o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, Carlos Francisco Geesdorf.

Um dos caminhos para resolver parte desse impasse pode estar na alimentação. A Novus do Brasil, empresa que desenvolve soluções nutricionais, mostrou aos visitantes da ProkExpo 2010, programas com vistas ao aumento da qualidade de vida dos suínos.

Um deles, chamado de “Melhorando a produtividade da matriz suína”, visa aumentar a longevidade da matriz (o animal com a função de reprodução) por meio da ração.

“Com uma manipulação fina de microminerais estamos conseguindo isso e outros benefícios como redução de doenças, aumento de peso dos leitões e melhora na imunidade”, revela o coordenador de suinocultura da Novus para a América do Sul, Ricardo Esquerra.

Novos mercados

Ao lado da busca por soluções com menor custo benefício para atender as exigências do bloco europeu, os suinocultores brasileiro também vêm procurando novos mercados.

O principal trabalho do setor é junto aos EUA. “A janela para a exportação da carne suína brasileira deve ser aberta nos próximos meses”, antecipa o presidente da APS.

“A grande vantagem da conquista do mercado norte-americano é a credibilidade que o país emprestará para a carne suína brasileira que, nos últimos anos, foi afetada injustamente por problemas ocasionados em outros rebanhos e até mesmo pela gripe H1N1”, acrescenta Geesdorf.

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