Stephanes garante que não vai faltar álcool combustível

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Reinhold Stephanes: temos que dar segurança.

Brasília – O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu tomar medidas radicais para garantir o abastecimento interno de álcool combustível. Ele citou como exemplo a imposição de cotas para exportação, caso os usineiros priorizem o mercado externo, principalmente o norte-americano, após uma possível redução na tarifa de importação sobre o combustível naquele mercado.

?Evidentemente nós temos de dar segurança ao abastecimento interno e quanto a isso não há dúvida; aí os mecanismos serão adotados, e o mais radical deles seria a imposição de cotas?, afirmou o ministro. ?O mercado brasileiro pode ficar tranqüilo que essa questão (abastecimento) será fundamental em relação a qualquer política do álcool?, completou Stephanes.

O ministro procurou, entretanto, minimizar qualquer tipo de intervenção que possa ocorrer no futuro em relação ao álcool e lembrou que, além das mais de 300 usinas processadoras de cana-de-açúcar em operação no Brasil, outras 50 estão em implementação e 57 ainda em estágio de consulta, o que aumentará a oferta. Com isso, em cinco anos seria possível ampliar a capacidade instalada de produção de álcool em 20%.

Stephanes voltou a afastar qualquer tipo de polêmica em relação ao avanço da cana-de-açúcar sobre a área de grãos. Ele citou que há cerca de 50 milhões de hectares cultivados com grãos, em torno de 150 milhões de hectares com pastagens degradadas e apenas 6 milhões de hectares com cana. ?Se formos inteligentes e capazes, poderemos dobrar a produção de álcool sem causar qualquer impacto?, disse o ministro.

Tarifa americana

O ministro da Agricultura afirmou que a redução da tarifa de 54 centavos de dólar por galão imposta pelos Estados Unidos ao álcool brasileiro é lenta e a queda, se ocorrer, deverá ser gradual. ?Em dois anos não há chance se mudança, ou seja, só a partir de 2009?, disse Stephanes ao lembrar que a legislação norte-americana para a tarifa impede uma rediscussão sobre o tema no próximo biênio.

Por outro lado, o ministro salientou que o período será positivo para que o álcool possa começar a ser transformado em uma commodity mundial, processo que, na opinião de Stephanes, ainda deve demorar cinco anos, já que é necessária a expansão da produção para outros países.

O ministro espera ainda que, em até três anos, seja criado um selo de qualidade para certificar o etanol brasileiro exportado nesse novo mercado. ?Não há dúvida que o produtor do Brasil terá capacidade de se adaptar às normas, tanto ambientais como de qualidade, para receber este selo?, opinou o ministro, que se reuniu ontem com o ex-governador da Flórida Jeb Bush (irmão do presidente George W. Bush) e com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.

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