Soja bate recorde de produtividade

Além da safra paranaense de soja 2002/2003 poder atingir a marca histórica de 11 milhões de toneladas (o Departamento de Economia Rural trabalha com a estimativa média de 10,8 milhões de toneladas), a produtividade das lavouras do Estado também está alcançando números recordes. Do máximo de 2.400 quilos por hectare até a década de 80, o rendimento médio tem se mantido ao redor de 3.100 kg/ha, enquanto a média nacional está estimada em 2.760 kg/ha. No ano passado, a média estadual foi 2.855 kg/ha, contra 2.570 kg/ha no País. Mas há produtores das regiões Norte e Oeste conseguindo até 4.400 kg/ha nesse ano.

A explicação para os ganhos produtivos é o melhoramento tecnológico. Isso inclui conservação e manejo dos solos, aquisição de equipamentos mais eficientes e melhoramento genético, cita o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, do Deral. “O produtor de soja do Paraná, de um modo geral, é um eficiente empresário. No meio destes, há aqueles que são mais eficientes que os outros”, constata. Além da tecnificação das propriedades, outro fator está colaborando na safra atual: o clima. “No ano passado, houve o problema da estiagem durante o plantio e desenvolvimento, em dezembro e janeiro, e o rendimento foi menor que o esperado. Esse ano choveu bem e não teve nenhuma seca”, relata.

Ajudada pelas condições climáticas favoráveis, a colheita está mais avançada que no mesmo período do ano passado. Até março, aproximadamente 71% da safra (cerca de 7,7 milhões de toneladas) já foi colhida no Paraná, contra 60% em 2002. O ritmo de comercialização também está ligeiramente mais rápido: até março, 31% da safra do Estado tinha sido vendida, contra 26% em igual período do ano passado.

O preço pago aos produtores – que chegou a R$ 45,48 a saca de 60 quilos em dezembro – vem caindo, mas mesmo assim a cotação da última sexta-feira (R$ 36,36) ainda era 78,32% maior que no mesmo período do ano passado (R$ 20,39). A redução do valor nesse momento tem duas explicações, segundo Hubner: pico da safra e queda do dólar. “No ano passado, o dólar começou a subir no começo do ano e o preço da soja acompanhou o dólar”, comenta, ressaltando que a cotação internacional segue firme entre US$ 215 a US$ 220 por tonelada desde o último ano. “Depois do pico da safra, a tendência é subir, já que, historicamente, temos os melhores preços no segundo semestre. A única incógnita é o dólar, que vai influenciar. Se cair, os preços dos insumos também caem, mas o produtor consegue manter a lucratividadde”, analisa o engenheiro agrônomo.

Crescimento ano a ano

O Paraná caminha para o terceiro recorde consecutivo de volume de produção de soja. Foram 8,6 milhões de toneladas em 2001; 9,4 milhões em 2002 e em 2003 a estimativa é de 10,8 milhões. O Estado é o segundo maior produtor nacional, com 21,6% do total do País. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projeta uma safra nacional de 49,65 milhões de toneladas. O maior produtor é Mato Grosso, que deve colher 13,26 milhões de toneladas, 26,7% do volume total. Os cerca de 95 mil produtores de soja do Paraná devem receber um montante de R$ 7 bilhões com a safra recorde, conforme estudo do Deral. “Desse valor, 60% é custo de produção e 40%, a renda dos produtores”, comenta Hubner.

A área plantada com soja no Estado aumentou 9% nesse ano, totalizando 3,56 milhões de hectares. A maior parte da produção está concentrada nas regiões Norte(27%) e Oeste(26%), seguidas de Sul(17%), Centro-Oeste(16%), Sudoeste (9%) e Noroeste (4%). Pelo Porto de Paranaguá, a previsão é exportar 12 milhões de toneladas de produtos do complexo soja (grãos, farelos e óleo), sendo a metade só de grãos. Anualmente, o Paraná mói acima de 9 milhões de toneladas de soja de outros estados e do Paraguai para revender com valor agregado.

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