Comércio

Sobe a taxa de inadimplência no varejo

Mais consumidores deixaram de honrar suas dívidas no comércio varejista de Curitiba e região metropolitana, elevando a taxa de devedores de -0,14% em agosto para 0,21% no mês passado.

Para a Associação Comercial do Paraná (ACP), que divulgou os dados ontem, o aumento da taxa de inadimplência pode ser sintoma da crise financeira internacional.

“Não é um aumento significativo”, afirmou o vice-presidente de Serviços da ACP, Élcio Ribeiro. Para ele, a situação pode se agravar caso não haja normalização até dezembro.

“As notícias sobre a crise foram bastante fantásticas. Essas pessoas não deixaram de pagar por maldade ou por safadeza; elas estão preocupadas com o maior bem, que é o próprio nome, e devem pagar as contas com o 13.º salário”, acredita Ribeiro.

Segundo ele, os consumidores estariam mais preocupados em honrar dívidas em áreas prioritárias, como água, luz, celular, mensalidade escolar, do que com prestações de R$ 300 ou R$ 400 de um eletrodoméstico qualquer.

Com a crise financeira internacional, Ribeiro acredita que as pessoas preferiram reservar um pouco da renda para situações de emergência. “A grande massa da população, classes C, D e E, não sabe o que é a bolsa de valores, nem o que pode acontecer”. Para Ribeiro, o aumento da inadimplência não estaria relacionado ao maior rigor dos bancos e financeiras em conceder crédito.

A taxa anualizada da inadimplência (outubro de 2007 a setembro de 2008) é de -0,20%. Até agosto, e durante cinco meses, esta taxa de manteve em -0,21%, constituindo-se na menor da série histórica iniciada em 1994. Para o cálculo desse índice, a ACP utiliza metodologia do Banco Central (BC).

Pagamentos à vista

Além do aumento da taxa de inadimplência, a ACP verificou que mais pessoas estão preferindo pagar à vista. Segundo levantamento da associação, houve queda de 1,80% no número de consulta ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que sinaliza as vendas a prazo.

Para Ribeiro o recuo no número de consultas ao SCPC revela a decisão do consumidor de pagar à vista as compras, inclusive as antecipações dos presentes para o Dia das Crianças, que foi comemorado no dia 12 de outubro. “É uma precaução do consumidor diante do auge da crise para não contrair dívidas. Por isso, preferiu pagar as compras à vista, já considerando aqueles que sacaram o dinheiro de aplicações e o usaram no consumo. Mas, por outro lado, isso é bom, porque sinaliza que ele, ao evitar gastos excessivos agora, está se preparando para as compras do Natal”.

Para o Dia das Crianças, a ACP estimava aumento de 9% nas vendas, mas o índice ficou em 7%. “O Dia das Crianças sempre foi um referencial para o Natal. Vamos ter um bom Natal, mas talvez não com compras tão maiores e com pagamento à vista”, arrematou.