Setor imobiliário segue aquecido

Enquanto alguns setores da economia estão amargando prejuízos com a crise internacional, o de imóveis continua com a mesa farta para atender os investidores, que continuam com muita “fome”.

Só a Caixa Econômica Federal (CEF) espera aplicar este ano em financiamento habitacional R$ 23 bilhões. No Paraná as contratações do banco até o mês de setembro atingiram R$ 1,038 bilhão, contra R$ 1,225 bilhão durante todo o ano de 2007.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) o volume de contratações só com recursos da poupança atingiu em setembro R$ 2,94 bilhões, elevando para R$ 22,8 bilhões o montante contratado nos primeiros nove meses de 2008. Esse total supera em 89,3% o volume contratado no mesmo período do ano passado. Só nesse ano foram financiadas 227,2 mil unidades no País.

Ainda nesta semana o Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço) deveria apresentar uma proposta para a liberação de mais R$ 11 bilhões para financiamento de imóveis em 2009. Diante desse cenário, a contaminação do crédito imobiliário brasileiro pela crise norte-americana parece remota.

“Os recursos para o financiamento tem destinação exclusiva, e por isso não vai faltar dinheiro. Além disso, não estão atrelados ao dólar, o que garante que não haverá elevação dos juros para quem financiou”, afirma o vice-presidente Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon/PR), Normando Bau.

Segundo ele, a construção civil é de longo prazo, e os empreendimentos que foram iniciados serão concluídos nos próximos dois ou três anos, sem a influência de aumento nos preços, pois que a grande maioria dos insumos são nacionais, que não sofrem com as flutuações cambiais.

Consórcio

E por ser considerado um investimento seguro, o mercado de imóveis tem atraído cada vez mais adeptos. A diretora superintendente da Ademilar Consórcio de Imóveis, Tatiana Reichmann, afirmou que só neste mês de outubro a venda de cotas bateu todos os recordes. Saltou de uma média mensal de R$ 16 milhões para R$ 25 milhões em créditos futuros.

“Os investidores estão vindo em busca do consórcio, que apresenta, entre outras vantagens, a ausência de juros”, comentou. Segundo Tatiana, muitas pessoas que já têm imóvel estão adquirindo cotas de consórcio como um investimento. O agente de trânsito, Jair Pires do Nascimento Júnior ainda está pagando pelo consórcio e tem planos de adquirir mais um.

“Fiz o consórcio para comprar minha casa por achar a opção mais viável que um financiamento. E quando terminar já vou fazer outro, pois achei a opção muito segura”, afirmou.

Além dos investidores, as classes sociais identificadas como média baixa renda também estão migrando para o consórcio. E atentos a essa pluralidade de perfil, as empresas estão diversificando seus produtos. Hoje a Ademilar possui um consórcio com prestações de R$ 175 com prazos de até 240 meses.

Venda e locação seguem em alta

A estabilidade do mercado também se reflete nas transações de venda e locação de imóveis. Dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), apontam que o índice de locação sobre oferta em Curitiba chega a quase 27% para imóveis residenciais. Já a venda de imóvel usado sobre a oferta destes imóveis alcança a margem de 22%.

“Além dos contratos já firmados de locação, que continuarão com os mesmos índices, o setor acompanha as tend&eci,rc;ncias dos últimos meses, mantendo-se estável”, garante o vice-presidente de Estatística do Secovi-PR, Maurício Moritz.

Para os imóveis comerciais, os índices de locação sobre oferta também se mantêm estáveis, com uma média de 10,76%. O índice de venda de usados sobre a oferta é de 8%.

“As vendas de imóveis comerciais são muito sazonais. Para o setor manter este índice é uma conquista”, explica o vice-presidente Administrativo do Secovi-PR, Luiz Antônio Laurentino.